O combate ao Bullying e à Violência nas escolas somente terá êxito se o país adotar um conjunto de ações entre setores da Segurança e Saúde Pública, sociedade, escolas, famílias e Ministério Público

Esse foi o consenso entre os participantes da audiência pública realizada pela CEC nesta quinta-feira (15), que debateu o tema “Combate ao Bullying e à Violência nas escolas”.
16/12/2011 17h52

Para Augusto Pedra, psicólogo especialista no combate ao bullying e fundador e coordenador Nacional de Projetos do CEMEOBES – Centro Multidisciplinar de Estudos e Orientação sobre o Bullying Escolar, a escola sozinha não resolve o problema. “Trata-se de uma síndrome de maus-tratos repetitivos. O bullying é epidêmico, basta ver a rapidez com que essa praga se espalha pelo País. Temos que contê-la”, disse o psicólogo.
“Bullyng, acrescentou ainda”, não é um tema isolado da Psicologia, envolve várias áreas. É um conjunto de comportamentos agressivos, intencionais, repetitivos, adotados por um ou mais alunos contra outro, geralmente em desvantagem de poder ou força física, que mobiliza na vítima raiva reprimida, desejo de vingança, dor, humilhação e constrangimento”.
Para Danielly Queiroz, representante da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do MEC, há uma expectativa muito grande da sociedade sobre os professores e a escola, como se somente esses fossem os únicos responsáveis pela solução de todos os problemas surgidos entre educandos.

Ações

“Nesse sentido, o Ministério da Educação tem feito a sua parte, contribuindo com  várias ações implementadas e a serem executadas juntamente com os conselhos de educação e representantes da sociedade, isto é, um trabalho inter setorial”, afirmou a representante do MEC.
Entre as políticas públicas do órgão estão a emissão, pelo Conselho Nacional de Educação, das Diretrizes Nacionais em Direitos Humanos; o fomento ao desenvolvimento nas 27 secretarias estaduais de Educação de Planos Estaduais de Educação em Direitos Humanos; e a tarefa intersetorial de elaboração de uma Ficha de Encaminhamento de Casos de Violação de Direitos de Crianças e Adolescentes.
Danielly Queiroz destacou ainda outra ação do Ministério. É o Projeto Escola que Protege, estratégia de política pública para o enfrentamento às diversas formas de violência contra crianças e adolescentes e promoção de seus direitos.
Por fim, a representante do MEC falou sobre os dois eixos fundamentais que servem como base para as demais estratégias do órgão: formação continuada dos professores para estudos sobre assuntos referentes aos problemas sociais e produção de material didático específico.


Orientadores de Convivência


As ações por parte do CEMEOBES – Centro Multidisciplinar de Estudos e Orientação sobre o Bullying Escolar, segundo Augusto Pedra, são a capacitação de 50 Conselhos Tutelares sobre o tema, realização de Fóruns e a criação dos profissionais “Orientadores de Convivência”, para mediação de conflitos nas instituições educacionais, com a coparticipação dos pais e da sociedade.
Manuela Braga, presidente da UBES – União Brasileira de Estudantes Secundaristas também endossou as palavras dos conferencistas acima afirmando que a escola precisa discutir temas atuais sobre as questões sociais e mais, incluir, na própria dinâmica educacional, assuntos como bullying, diversidade cultural, étnico, racial e de gênero, enfim matérias relacionadas aos direitos humanos.
Nessa mesma linha, Gustavo Cesar Barros Amaral, da UNDIME – União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação levantou várias questões: qual o papel do Poder Público, dos pais, dos professores e dos alunos no combate ao bullying? Como proceder com vítima e agressor? Como os secretários de educação devem agir? Qual seria a responsabilidade real do professor, pai, mãe e pedagogo?
Gustavo defendeu também a revisão dos currículos escolares e a formação de professores e gestores da educação. Para ele o Legislativo poderia contribuir nessa solução com projetos de lei que punam agressores e protejam as vítimas do bullying.
Por sua vez, o Deputado Severino Ninho (PSB/PE), presente à audiência, discordou de Gustavo Cesar sobre a produção de projetos de lei sobre o assunto. Segundo ele,  o país já tem muitas leis, o que precisamos é que essas leis sejam postas em prática pelos representantes do Poder Público e demais segmentos da sociedade civil.
Participaram também da audiência pública, Graça Costa, Presidente da CONFETAM – Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal e Cynthia Ciarallo, do Conselho Federal de Psicologia.
Por fim, o Deputado Artur Bruno (PT/CE), autor do requerimento da reunião, propôs o dia 7 de abril, como Dia Nacional de Combate ao Bullying como uma medida importantíssima para a sociedade refletir, debater e defender ações que combatam essa prática de violência.
por Francy Borges
Assessoria de Imprensa
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