Produção de arroz pode crescer em 10 milhões de toneladas

16/10/2007 20h25
O deputado Luiz Carlos Heinze (PP-RS) afirmou hoje que a produção brasileira de arroz pode chegar a 20 milhões ou 30 milhões de toneladas por ano se houver aumento do consumo. Hoje, segundo o parlamentar, a produção de arroz no País é de 11,3 milhões de toneladas. No caso do feijão, o Brasil é o maior produtor mundial, com uma safra de 3,6 milhões de toneladas.

As políticas de estímulo à produção do arroz e do feijão, o valor nutricional desses grãos e os benefícios à saúde com o consumo desses alimentos foram destacados hoje - Dia Mundial da Alimentação - pelos participantes da audiência pública conjunta promovida pelas comissões de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural; de Educação e Cultura; e de Seguridade Social e Família.

De acordo com dados da última Pesquisa Nacional de Orçamentos Familiares, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em dez grandes capitais brasileiras o consumo de arroz nos domicílios caiu 46% de 1975 a 2003. No caso do feijão, a queda foi de 37% no mesmo período. A redução do consumo de arroz e feijão no Brasil é atribuída às mudanças da vida moderna. O corre-corre diário estimula a alimentação fora de casa e o consumo de produtos industrializados. Ainda de acordo com o IBGE, entre 2002 e 2003 o consumo per capita de feijão no campo foi mais que o dobro que nas cidades. No caso do arroz, a média brasileira foi de 28 quilos anuais por pessoa nas cidades, e 44 quilos no campo.

Oferta x demanda
Segundo Heinze, um dos autores do requerimento para a realização da audiência, além da redução do consumo interno, os produtores de arroz e feijão são prejudicados com a importação desses produtos, que provoca uma oferta superior à demanda. O deputado afirma que, nos últimos três anos, os produtores têm vendido arroz abaixo do custo de produção.

De acordo com o deputado, atualmente, os produtores de arroz, principalmente do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina - responsáveis por 70% do arroz nacional - têm dificuldades de acessar o crédito rural oficial. "Não só [o crédito] do Banco do Brasil, mas de todos os agentes financeiros, justamente por esse desequilíbrio causado pela entrada de arroz da Argentina e do Uruguai", declara Heinze.

Integração entre ministérios
A chefe da Embrapa Arroz e Feijão, Beatriz Pinheiro, sugeriu a integração de esforços entre os ministérios da Agricultura, da Educação e do Desenvolvimento Social para incentivar o aumento do consumo dos dois produtos. Para ela, um dos caminhos poderia ser o uso da publicidade para divulgar o valor desses alimentos.

Segundo Beatriz Pinheiro, arroz e feijão são alimentos complementares, que fornecem carboidratos, proteínas, fibras, vitaminas do complexo B, baixo teor de gordura e de sódio. "A longo prazo, se esse consumo continuar se reduzindo nessa medida, haverá maior incidência das doenças da vida moderna: obesidade, diabetes, problemas cardiovasculares e até câncer, porque uma pesquisa recente da Universidade de São Paulo indicou, de forma muito consolidada, que a mistura arroz com feijão exerce um efeito protetor [contra o câncer]", disse a representante da Embrapa.

O maior consumo de arroz ocorre no Centro-Oeste e, o de feijão, no Nordeste. O menor consumo dos dois produtos é na região Sul, segundo dados da Pesquisa Nacional de Orçamentos Familiares. Há uma variação também entre as faixas de renda. Nas famílias com menor poder aquisitivo, o consumo desses alimentos vem aumentando, em parte em razão dos programas sociais do governo.

Merenda escolar
Durante a audiência, a nutricionista do Instituto Riograndense do Arroz (Irga), Angélica Magalhães, descreveu a experiência com o consumo de arroz e feijão na merenda das escolas da rede municipal de Florianópolis (SC). Segundo ela, o consumo de Topo da página arroz por portadores de doença celíaca, que têm intolerância ao glúten, provocou a redução da desnutrição de 58% para 6,5% no período de um ano.

Segundo Magalhães, o aumento do consumo de feijão por crianças de creches mostrou uma redução da obesidade infantil de 8,5% para 2,5% em um ano. Ela também destacou outro efeito positivo: a redução de problemas de constipação intestinal, que 60% das crianças já apresentavam.


Reportagem - Marise Lugullo/Rádio Câmara
Edição - Renata Tôrres


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