Debate gera propostas para aperfeiçoar plano de educação

17/09/2007 22h20
Laycer Tomaz

Cândido Gomes: ensino deve ser voltado para a realidade do trabalho.

No encerramento do Seminário Internacional sobre Ensino Médio Diversificado, o presidente da Comissão de Educação e Cultura, deputado Gastão Vieira (PMDB-MA), afirmou na tarde desta segunda-feira que as contribuições do encontro serão incorporadas ao Plano de Desenvolvimento da Educação. Segundo ele, na parte da manhã o ministro da Educação, Fernando Haddad, anunciou que o governo vai enviar ao Congresso o projeto relativo a esse plano nos próximos dias.

Na opinião do professor João Batista de Oliveira, que fez um resumo dos principais pontos do seminário, a política educacional brasileira deve levar em consideração aspectos como a idade dos alunos do ensino médio e a diversificação na oferta de cursos e nas opções de currículos. "Em países como a Alemanha e a Suíça, o público desse nível de ensino tem entre 15 e 16 anos. Com essa idade, apenas 15% dos alunos brasileiros estão nesse estágio", destacou.

Em todos os países representados no encontro, segundo ele, os currículos não oferecem mais do que sete disciplinas, com possibilidades de o aluno fazer as próprias escolhas. "Isso reflete a sabedoria de entender que, a partir de uma certa idade, se os jovens não tiverem opções simplesmente abandonarão a escola", justificou Oliveira. No Brasil, ao contrário, informou, enfatiza-se cada vez mais a "educação geral", com a inclusão de mais disciplinas acadêmicas nos currículos.

Estados Unidos
O professor Cândido Alberto Gomes, da Universidade Católica de Brasília, ressaltou que recentes experiências norte-americanas refletem a necessidade de integração entre ensino geral e profissionalizante. Segundo ele, como apenas 25% dos estudantes do país chegam à universidade o governo criou duas novas alternativas de formação.

Na primeira delas, denominada Tech Prep e oferecida por 47% das escolas secundárias, promove-se uma integração entre os dois últimos anos do ensino médio e cursos superiores. Entre o sétimo e oitavo ano de formação, os alunos já são motivados para planejar suas carreiras, e a partir do 11º toda a sua grade curricular é voltada para a formação profissional que escolheram.

A outra alternativa é a "academia de carreiras", ofertada em 27% das escolas, segundo o professor. De adesão voluntária, ela oferece currículos que integram formação geral e profissionalizante. "Um dos princípios norteadores do modelo é a aprendizagem para o mundo real", afirmou.

Pesquisas, informou Cândido Gomes, revelam que as inovações aumentaram o tempo de permanência na escola e melhoraram os níveis de emprego e renda dos alunos com mais riscos de evasão. "Tudo isso nos mostra a urgência de atender às necessidades do mundo do trabalho. O país que não o fizer ficará para trás", defendeu.

Alemanha
O modelo alemão, segundo explicou o professor da Universidade de Constanza Thomas Deissinger, é desenhado de forma que o próprio sistema direciona as possibilidades de desenvolvimento do aluno. Aos 10 ou 11 anos, ele é encaminhado a três tipos de escola - de educação geral (que leva diretamente à universidade), intermediária e inferior.

Ao final da intermediária, o estudante pode seguir para dois tipos de ensino médio - técnico profissionalizante e o dual, em que uma parte da formação é oferecida na escola e outra nas empresas. De acordo com Deissinger, ao final do nível médio mais de 40% dos alunos podem optar pela universidade. No entanto, a maioria prefere a formação dual, que hoje atende a 60% da demanda. "Os empreendedores consideram esse sistema como parte de seus negócios, pois permite formar funcionários para atender suas demandas específicas", explicou.

Infância
No dia 15 de outubro, a comissão realiza seminário para discutir a educação infantil. De acordo com Gastão Vieira, o Brasil ainda não tem uma política para a infância. "Podemos tomar a iniciativa e propor uma, se o governo não o fizer", afirmou.


Reportagem - Maria Neves
Edição - João Pitella Junior

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