Comissão aprova piso nacional de R$ 950 para professores
A Comissão de Finanças e Tributação aprovou nesta quarta-feira proposta
que estabelece piso salarial nacional de R$ 950 para professores do
ensino público fundamental e médio nos três níveis (federal, estadual e
municipal). O piso deve ser adotado gradativamente até janeiro de 2010.
A mudança consta no substitutivo da Comissão de Educação e Cultura aos projetos de lei 7431/06, do Senado, e 619/07,
do Poder Executivo. O primeiro estabelece piso de R$ 800 para
profissionais que tenham nível médio e de R$ 1,1 mil para os
habilitados em nível superior. Já o projeto do Executivo estabelece um
salário mínimo de R$ 850 para professores.
Acordo
As
propostas ainda serão analisadas pela Comissão de Constituição e
Justiça e de Cidadania (CCJ), mas o relator, deputado Manoel Junior
(PSB-PB), afirmou que há acordo para que prevaleça o piso de R$ 950, na
forma do substitutivo. Como a Comissão de Finanças e Tributação analisa
a adequação financeira e orçamentária das propostas, o relator também
apresentou parecer favorável às duas propostas originais. Além disso,
foi favorável a quatro emendas da Comissão de Trabalho, de
Administração e Serviço Público. A votação foi acompanhada por
professores de vários estados.
As propostas tramitam em caráter conclusivo e em regime de prioridade. Depois de serem analisadas pela CCJ, serão encaminhadas ao Senado.
Jornada
O
substitutivo prevê uma jornada mínima de 40 horas semanais. Mas isso
apenas para os dois primeiros anos (2008 e 2009). Nesse período,
contarão para o cálculo todos os itens do contracheque, exceto as
vantagens individuais. Entretanto, a partir de janeiro de 2010, o piso
corresponderá apenas ao vencimento mínimo inicial (sem nenhum dos
demais itens do contracheque) das carreiras da educação básica, para a
jornada de 30 horas semanais.
A Comissão de Finanças aprovou
emenda retirando do texto o limite máximo de 2/3 para carga horária em
sala de aula, com o restante da jornada para atividade de planejamento.
O
piso também será pago a outros profissionais da educação básica,
incluindo os cargos de suporte pedagógico à docência (direção,
administração, planejamento, inspeção, supervisão, orientação e
coordenação educacionais). Para jornadas e níveis de escolaridade
diferenciados, os sistemas de ensino deverão aplicar o piso de forma
proporcional.
Aposentados
Manoel Junior argumentou que
já há estados com piso similar ao proposto no substitutivo e, no caso
dos municípios, haverá condições para se ajustarem ao piso previsto. O
relator recomendou, no entanto, a rejeição de emenda aprovada pela
Comissão de Trabalho que estende o piso salarial aos aposentados e
pensionistas do magistério.
A razão para a retirada, segundo
Manoel Junior, é que a maior parte dos aposentados e pensionistas têm
benefícios vinculados a planos de cargos e salários de estados ou
municípios. Esses planos seguem o Regime Geral de Previdência, e não
uma aposentadoria do setor público, e isso poderia trazer impactos
significativos à despesa pública federal, o que se torna impossível sem
uma fonte de recursos que suporte o novo gasto, segundo o relator. Ele
destacou ainda que não há dados para estimar qual seria o impacto da
medida, e por isso seu parecer foi pela inadequação desse item, que
dessa forma não poderá voltar ao texto.
"Eu bem queria ter
incluído, até porque sou filho de uma pessoa que é também profissional
da educação aposentada. Mas aqui nós não tratamos do mérito, tratamos
da adequação financeira e orçamentária, e essas pessoas aposentadas e
pensionistas contribuíram para os regimes de previdência em outro
modelo", declarou.
Recursos suficientes
A partir de
dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2006, o
deputado concluiu que nenhum estado precisará de complementação de
recursos da União para garantir o piso.
Os municípios, que
deverão considerar os novos recursos repassados pelo Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação (Fundeb),
podem recorrer a recursos extras, quando necessário, mas 60% do que for
repassado devem ir diretamente para pagamento de professores em
exercício. A Comissão de Finanças apenas limitou essa ajuda em 10% dos
repasses da União para a área, como dispõe a Constituição para outros
casos. No orçamento atual, seria possível repassar uma soma de R$ 314
milhões aos municípios que precisarem de socorro.
Reportagem - Marcello Larcher e Mônica Montenegro
Edição - Marcos Rossi