CCJ aprova destinação de recursos estrangeiros a pesquisas
A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou, na
última terça-feira, o substitutivo do relator, deputado Colbert Martins
(PMDB-BA), ao Projeto de Lei 4285/04, do deputado Carlos Eduardo Cadoca
(PSC-PE), que estabelece norma sobre a destinação de recursos
estrangeiros para fins de pesquisa e preservação da biodiversidade. A
proposta agora deverá ser analisada pelo Plenário.
Segundo
o texto aprovado, esses recursos estrangeiros serão direcionados às
universidades públicas ou instituições de pesquisa federais, que terão
responsabilidade pela coordenação e execução dos trabalhos. Foi
aprovada emenda da Comissão de Educação e Cultura, que analisou o
projeto antes, direcionando os recursos estrangeiros não somente às
universidades federais, mas às públicas em geral.
Convênios
Para
efeitos operacionais, as universidades ou instituições de pesquisa
beneficiadas poderão firmar convênios com instituições de pesquisa
privadas, desde que estas pertençam integralmente ou predominantemente
a brasileiros natos ou naturalizados; e com universidades ou
instituições de pesquisas, ambas pertencentes a estados e municípios
brasileiros.
Mudança no texto
A principal alteração
do substitutivo deixou claro que todas as instituições participantes da
pesquisa poderão explorar economicamente os resultados dos trabalhos,
mediante autorização do governo brasileiro. O texto original previa que
os resultados teriam "titularidade brasileira", "respeitados os
direitos autorais para todos os fins", dispositivos que foram retirados
da proposta.
O relator considerou esse dispositivo "uma
construção indefensável sob o ponto de vista do Direito". "Com essa
redação, nenhuma empresa estrangeira aplicará recursos aqui, já que não
terá garantia do aproveitamento econômico do trabalho realizado com seu
próprio investimento."
De acordo com o deputado, dificilmente
uma instituição pública ou privada estrangeira que não busque lucro
aplicaria em pesquisa no Brasil, já que nem mesmo a possibilidade de
co-autoria estava prevista no projeto.
Investimentos
A
proposta prevê ainda que o produto da exploração econômica que couber
ao governo brasileiro será investido nas universidades ou instituições
que desenvolveram a pesquisa e que promoveram a preservação da
biodiversidade, conforme regulamentação - que direcionará os recursos a
atividades como aperfeiçoamento de laboratórios e bibliotecas,
contratação de pessoal e outras.
No caso de convênios, a
aplicação dos recursos tocantes ao governo brasileiro "poderá ensejar
repasse compensatório a essas instituições", na forma da regulamentação
e respeitado como limite máximo o percentual por elas investido.
Reportagem - Newton Araújo Jr.
Edição - João Pitella Junior
Agência Câmara