Na Comissão de Educação, Deputados apoiam novos critérios de correção das redações do Enem
Um dia após o Ministério da Educação (MEC) ter anunciado regras mais rígidas de correção para as redações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), parlamentares e especialistas aprovaram as mudanças durante um debate, nesta quinta-feira (9), na Comissão de Educação da Câmara.
O método de correção gerou polêmica depois da divulgação de textos, da prova do ano passado, que tiraram nota máxima apesar de terem erros graves de grafia e concordância, e de redações que conseguiram resultado acima da média mesmo tendo receita de macarrão instantâneo e hino de time de futebol no meio da dissertação. O presidente do INEP, autarquia do MEC responsável pelo Enem, Luiz Cláudio Costa, disse que não se pode condenar o exame como um todo por causa desses episódios. “Distribuímos 4,1 milhões de redações, estamos discutindo 6 delas, ou seja, 0,001%. O sistema funciona; trata-se de uma exceção”, declarou.
Os critérios anteriores de correção permitiam erros gramaticais, desde que eles não fossem repetidos, e o candidato não fugisse ao tema proposto. Agora, com as novas regras, redações com trechos que tratem deliberadamente de assuntos não pedidos vão ganhar nota zero. Também haverá uma cobrança maior na aplicação das normas gramaticais e mais treinamento para os corretores. Um dos deputados que pediram a realização do debate, Raul Henry (PMDB-PE), apoiou a medida. “Houve uma mudança de atitude do MEC, que deve ser parabenizada. Erro é para ser reconhecido e corrigido”, destacou.
Os novos critérios também tiveram apoio de outro deputado que solicitou a audiência, Izalci (PSDB-DF). Ele, no entanto, fez um alerta sobre a má qualidade do ensino. “Muita coisa que foi levantada aqui se deve à péssima qualidade do ensino básico”, sustentou.
Problemas estruturais
Especialistas que participaram do debate também avaliaram como positivas as mudanças na correção do Enem, mas fizeram críticas. Gisele Gama, que coordenou uma equipe de correção, ressaltou que erros humanos continuarão acontecendo, porque os novos critérios não resolvem problemas estruturais, como o excesso de redações a serem corrigidas em pouco tempo. Segundo ela, são 10 milhões de textos avaliados em um mês, por professores que usam o tempo livre para essa tarefa. A pressão sobre os corretores foi negada, porém, pelo presidente do Inep, que disse que cada profissional corrige até 50 redações por dia.
Já para Claudio Cezar Henriques, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), a avaliação do português no Enem é lamentável, pois não exige as competências que se espera de um estudante que está entrando no ensino superior. José Francisco Soares, especialista em avaliação, também pediu maior obediência à norma culta. “Ser tolerante nessa proposta é criar um país mais ou menos. É muito importante que a gente diga: excelência no critério”, afirmou Soares.
O Enem é usado como forma de ingresso para mais de 130 mil vagas de universidades públicas, além de cursos de mais de 2 mil instituições de ensino superior particulares. A expectativa é que mais de 6 milhões de estudantes façam o Enem nos dias 26 e 27 de outubro. As inscrições para o exame começam no próximo dia 13.
Fonte: Agência Câmara de Notícias