Moção de Louvor
“Cantor e Compositor”, seja dito de passagem, é forma reducionista de se qualificar o santo-amarense da Boa Terra de Santo Amaro da Purificação.
Caetano é Caetanos, como dois e dois são cinco e como um querer é um quereres. E como são inúmeros os seus quereres! E quando Caetano quer... “Onde queres família, sou maluco/E onde queres romântico, burguês/Onde queres Leblon, sou Pernambuco/E onde queres eunuco, garanhão” (“O Quereres”).
Veloso é baiano, na forma serena de conduzir a vida. Velô é velocidade, ao não se deixar soterrar por cantos e verdades estabelecidas, ainda que por ele mesmo! Caê é caleidoscópio, donde brota um número infatigável de combinações de imagens e sensações de cores variadas: ”Fonte de mel/Nos olhos de gueixa/Kabuki, máscara/Choque entre o azul/E o cacho de acácias/Luz das acácias” (“Você é Linda”).
O Filho de Dona Canô é múltiplo em si, mas indiviso na unidade. Em seus 70 anos, ele administra com competência essa aparente contradição. Estando sempre disponível para recolher generosamente as mais diversas manifestações artísticas, sacramenta nossa unidade em nosso mar de diversidade. Caetano dita a estética, reformula a métrica e com sua “escala-fobética” ousa desvendar novos mundos: “A língua é minha pátria/E eu não tenho pátria, tenho mátria/E quero frátria” (“Língua”).
Sendo tantos, qual o melhor dos Caetanos? O do entortador de festivais (“Alegria, Alegria” e “Divino Maravilhoso”)?; o que endireita narizes torcidos (“Sozinho”, do Peninha; “Estrada da Vida”, do Mlionário & José Rico; “Eu Vou Tirar Você Desse Lugar”, do Odair José)?; o da ostras de duas pérolas (“Qualquer Coisa” e “Fera Ferida”)?; o do revisitador de canções canônicas (“Marinheiro Só”, “Peixe Vivo” e “Felicidade”)?; o do amor por longes terras (“Sampa” e “Terra”)?; ou o do lânguido apaixonado (“Tieta” e “Menino do Rio”)?
Gosto não se impõe. Na messe caetana, não falta cereal para todos se fartarem! Todos temos um Caetano com que saciamos nossas fomes específicas. Caetano é “Beleza Pura”: “Não me amarra dinheiro não!/Mas formosura/Dinheiro não!” Caetano é uma belezura!
Sala das Sessões, 8 de agosto de 2012.
Deputado Newton Lima
Presidente