Mestre em Educação afirma que aprendizagem não é uma linha reta e que a escola precisa dar tempo para o aprendizado do aluno

Durante palestra da Frente Parlamentar Mista da Educação, Cristiano Muniz falou sobre as consequências para as crianças que precisam aprender matemática num sistema que desconsidera o processo e cobra apenas a resposta correta
10/08/2017 09h50

Acervo/Comissão de Educação

Mestre em Educação afirma que aprendizagem não é uma linha reta e que a escola precisa dar tempo para o aprendizado do aluno

Cristiano Muniz/Professor de Matemática UnB

Entre os 70 países que fizeram as provas do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), o Brasil ficou na posição número 66 em matemática. O teste foi feito em 2015 por 23.141 estudantes de 15 anos em 841 escolas brasileiras. O resultado é preocupante porque revela, entre outras coisas, que 70,25% dos estudantes brasileiros estão abaixo do nível básico de aproveitamento em matemática. Numa avaliação mais geral, pode-se dizer que os alunos não estão conseguindo aprender matemática.

Mas o que sabem as crianças que não aprendem matemática na escola? Este foi o tema da palestra realizada pela Comissão de Educação em parceria com a Frente Parlamentar Mista da Educação. O convidado foi Cristiano Muniz, que tem pós-doutorado em Educação pela Universidade de Brasília.

Cristiano foi categórico ao afirmar que “toda criança é um ser matemático”. Mas também ressaltou que o aprendizado da matemática não é um processo isolado. E exatamente por isso, ele fez o alerta: é preciso verificar na produção da criança onde ela precisa avançar e ajuda-la nesse processo. Sem esse auxílio do professor e da família, afirma Cristiano Muniz, a criança vai enfrentar problemas que dificilmente conseguirá superar sozinha.

Ele também lembrou que quando o estudante não aprende a matemática, ele passa a ter problemas na percepção que tem de si mesmo como alguém que é capaz de aprender. E isso influencia diretamente na autoestima do aluno.

Para Cristiano Muniz, é preciso se fazer um pacto envolvendo escola, professores, alunos e família para que o ensino da matemática deixe de estar restrito apenas ao resultado de contas e equações e avance para a análise dos processos que levaram o aluno a chegar ao resultado, esteja o resultado certo ou errado. Com três décadas de experiência na área educacional, Cristiano é duro ao afirmar que “medíocre é a escola cujo professor se limita a colocar apenas certo ou errado na questão”.

Veja aqui a palestra “O que sabem as crianças que não aprendem matemática na escola”.

Convidado:

Cristiano Muniz – Professor de Matemática – UnB - Apresentação