Comissão debate literatura na educação brasileira

Situação da leitura brasileira é tema na Audiência Pública da Comissão de Educação
20/10/2015 11h21

Aconteceu no dia 08/10, audiência pública para debater a situação da leitura e do ensino de literatura na educação básica, particularmente no Ensino Médio.  Estiveram presentes no debate representantes do Ministério da Educação (MEC); do Ministério da Cultura (Minc); da Academia Brasileira de Letras (ABL); da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); do Instituto Pró-Livro; da Associação Brasileira de Literatura Comparada (ABRALIC); e do Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB).

Arnaldo Niskier - representante da ABL - falou da necessidade de acontecer uma revolução no ensino médio. Há 1,5 milhões de alunos fora das escolas por desinteresse, Arnaldo afirmou que é preciso renovar as literaturas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). “Como está, não está bom. É preciso que os elaboradores do ENEM abram as perspectivas de realização das provas”. Ele disse, ainda, que a literatura ensinada nas escolas está focada no acumulo de teoria e não no raciocínio do aluno.

A forma como é abordada a literatura no ensino médio é baseada nas literaturas do vestibular e na segunda etapa da educação básica, garantiu Luis Augusto Fischer - professor da UFRGS. Ao Contrário de Arnaldo, Augusto acha que a obrigatoriedade da literatura para a prova do vestibular é o que atrai muitos jovens e faz com que sintam gosto pela leitura. Fischer sugeriu que as leituras recomendadas na escola fossem renovadas a cada três anos, e estas poderiam ser temas das redações dos vestibulares.

Para Niskier para fazer com que os alunos se interessem pela leitura é necessário começar por assuntos que os interessem e depois inserir uma literatura mais clássica, “é com livros populares como os da saga Harry Potter que os alunos podem chegar aos clássicos como - Guerra e Paz - do escritor russo Liev Tolstói”, afirmou ele. Mas, o Professor Augusto garante que o equilíbrio está no consenso, onde os alunos leiam desde livros populares até clássicos como Machado de Assis. “Quando eles tomam gosto pela leitura começam a fazê-la por hobby”, resumiu Augusto.

Zoara Failla - Coordenadora de Pesquisa do Instituto Pró-Livro - apresentou dados que mostram uma redução de 7,4 milhões de leitores no período entre 2007 e 2011, mostrou também, que metade da população brasileira têm problemas com o hábito de ler. “Há necessidade de despertar o interesse, se você não tem um professor com repertório de leitura, que possibilite práticas interessantes, que desenvolva atividades que de fato induzam o aluno a ler, dificilmente iremos mudar esse quadro” ressaltou ela.

Para Volnei Canônica - Diretor de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (MinC) -  O principal agente de mediação entre os alunos e a leitura é o professor, se o profissional não motivar a leitura, nenhum de seus alunos vai querer ou gostar de ler. Germana Maria Araújo Sales - Presidente da Associação Brasileira de Literatura Comparada (ABRALIC) - disse que a literatura fica a mercê e ao deleite do professor, não depende do aluno tão pouco das instituições.

Os livros didáticos possuem poucos textos literários, se o cuidado com a literatura não for desde as séries iniciais, no ensino médio será mais difícil de inseri-los. A Deputada Margarida Salomão (PT/MG) falou que a leitura não é incluída na vida como uma prática relevante e é através do professor que vamos ter acesso à escrita e a leitura, porém Arnaldo Niskier advertiu que, além dos professores é preciso que os pais dos alunos se envolvam no processo de escolha, seleção e motivação da leitura, para que assim os jovens sejam realmente motivados a ler e essa ação se torne um hábito.

 

Apresentação Zoara Failla - Pró-Livro