Acesso à educação sem qualidade escraviza aluno, diz Chinaglia

31/08/2007 00h00

Presidência<br />
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Deputados, representantes de universidades e do governo que participaram do 1º Simpósio Nacional de ENSINO a Distância na manhã de ontem enfatizaram o papel da modalidade de ENSINO para democratizar o acesso e melhorar a qualidade da educação no País, a partir da formação inicial e continuada de professores. Na abertura do simpósio, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, enfatizou que a busca de qualidade é o maior desafio da educação no Brasil. Em sua opinião, o acesso universal ao ENSINO sem a garantia de qualidade torna o jovem “escravo” do curso ruim, muitas vezes em uma faculdade particular paga com grande esforço da família.<br />
Chinaglia citou estudo divulgado pelo Institituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta semana para lembrar que, em 84% dos domicílios do País, não há ninguém com curso superior e apenas 10% dos brasileiros têm essa formação. Ele destacou que, nas famílias que têm pelo menos uma pessoa com nível superior, a renda aumenta em 190%.<br />
Inclusão social<br />
O professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e ex-governador do estado Esperidião Amin assinalou que os temores quanto à qualidade da educação a distância são justificáveis, mas não são diferentes da preocupação com o ENSINO presencial. Esperidião Amin reforçou que educação é renda e, portanto, significa desenvolvimento. Ele observou que o Brasil tem um alto índice de desigualdade social e enfatizou que só a renda vai liberar as pessoas da dependência emergencial de programas como o Bolsa Família.<br />
Para o presidente da Comissão de Educação e Cultura, deputado Gastão Vieira (PMDB-MA), a educação a distância é a maneira mais rápida de inclusão social “em áreas do Brasil que não vão pensar em uma universidade nem daqui a 30 anos”. A seu ver, essa modalidade pode proporcionar aulas com alta qualidade, já que são transmitidas de grandes centros, onde há “professores com muita competência e experiência”. O deputado ponderou, ainda, que o ENSINO a distância será “sempre melhor do que a picaretagem que impera no mercado, em que instituições sem qualidade oferecem cursos de fim de semana, cobrando um absurdo, e o aluno não aprende nada”.<br />
Universidade Aberta<br />
A integrante do Conselho Nacional de Educação (CNE) Anaci Paim apontou como uma das dificuldades enfrentadas pela educação a distância a existência de um preconceito contra a modalidade, devido “a falta de conhecimento adequado”, principalmente por parte das universidades públicas. A professora acredita, no entanto, que a Universidade Aberta do Brasil (UAB) vai contribuir para reduzir esse preconceito, já que está convocando as instituições públicas de educação superior para participar do sistema. A UAB, criada em 2005 pelo governo federal, tem como objetivo oferecer formação inicial a professores da educação básica pública que ainda não têm graduação. (Luciana Mariz)