A filosofia educacional do Brasil da década de 60 é relembrada na CEC por meio da campanha “De pé no chão também se aprende a ler” e do trabalho do educador Paulo Freire
Segundo a deputada, essa audiência tem um significado especial, pois a Câmara dos Deputados está a vésperas da aprovação do novo PNE – Plano Nacional de Educação. “Que todos esses movimentos educacionais ora relembrados”, afirmou, “sirvam de inspiração para a aprovação de um PNE que responda aos atuais desafios da educação do país.
A educação como realidade sociopolítica e econômica de um povo foi também a tônica enfatizada por participantes da audiência pública, entre eles, o professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, José Willington Germano e o médico e cardiologista e membro da Comissão Brasileira de Justiça e Paz da CNBB, Dr. Geniberto Paiva Campos, ao lembrarem o trabalho e idealismo dos educadores homenageados.
Segundo José Willington Germano, ao se reverenciar a memória de Moacyr Góes, Djalma Maranhão e Paulo Freire, é impossível não se falar da história recente do Brasil, em especial do período de 60 a 64, em que os embates político-ideológicos eram muito acirrados. É neste caldeirão que surge a campanha “De Pé no Chão se Aprende a Ler”, lançada em Natal (RN), por iniciativa dos então prefeito e secretário municipal de educação, respectivamente Djalma Maranhão e Moacyr de Góes. A campanha conseguiu se desenvolver como uma política educacional inovadora, alfabetizando, a um custo muito reduzido, cerca de 25 mil natalenses.
Dr. Geniberto Paiva Campos também endossou as palavras de José Willington, que ao fazer uma retrospectiva política desse período do país, lembrou a interferência norte-americana na região Nordeste do Brasil, que teve como objetivo combater e aniquilar de vez, a campanha de Djalma Maranhão. “Para os norte-americanos”, lembrou, “a conscientização de liberdade pela educação, defendida por esses educadores brasileiros do anos 60, constituía séria ameaça ao fim da submissão do Brasil aos interesses ianques”.
Por sua vez, Clara Raissa de Góes da Rocha e Silva, filha do educador Moacyr Góes, psicanalista e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, falou sobre os ideais de seu pai como educador e como ainda provocam debate e inquietude na sociedade brasileira. Segundo Clara, educar para Moacyr de Goés, não era a adequação a normas, talvez nem mesmo às da gramática. “Educar para ele”, afirmou, “era criar um espaço de exercício da política, como ação que produz mundos, e, ao assim fazê-lo, torna-se agente dessa ação, tomando as rédeas de seu destino.. Em suma, é com ações recíprocas que homem e o mundo se produzem. Educar é o exercício da política nos dois pólos: o do professor e o do aluno”.
Clara Raíssa lembrou ainda sobre a militância de Moacyr de Góes no sindicato dos professores e nos partidos de esquerda, salientando, também, que o educador fazia muitas palestras sobre educação e política pelo Brasil afora. Para Moacyr Góes, o respeito à liberdade de contestar e divergir só seria possível por meio da educação.
por Francy Borges
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