03/09/15 - Audiência Pública sobre brinquedotecas em áreas pediátricas nos hospitais
Nesta quinta-feira (03/09) realizou-se a audiência pública para debater a Lei nº 11.104/2005, que torna obrigatória a instalação de brinquedotecas nas unidades de saúde que ofereçam atendimento de internação pediátrica.
O Deputado Ságuas Moraes (PT-MT), que era médico pediatra, abriu a audiência com a afirmação de que as brinquedotecas ajudam na recuperação das crianças. A professora da Universidade de São Paulo, Tizuko Morchida Kishimoto, que atua no campo da educação infantil, concordou com o deputado, porém contrapôs com a dificuldade em encontrar um profissional adequado para o trabalho em brinquedotecas que possuam a formação adequada.
Kishimoto disse, ainda, que geralmente são estagiários que trabalham com as crianças e que estes ficam pouco tempo nos hospitais. “É necessário que o profissional saiba lidar com as diferenças de idade e que não deixe que o brinquedo se torne apenas um material de trabalho” e concluiu, “É preciso atenção, pois ali elas já estão em uma condição complicada”.
Brincar é um direito da toda criança e dever estar incluso em todo tipo de tratamento que ela necessite passar, afinal esta é a primeira linguagem a qual se tem acesso, foi o que argumentou Rosa Maria de Araújo Mitre - coordenadora do Programa Saúde Brincar da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). “O tempo de internação não pode ser visto como uma interrupção de vida e sim como uma parte dela e a brinquedoteca auxiliada pelo profissional pode transformar essa realidade, é preciso trabalhar com um conceito de qualidade de vida”, afirmou Rosa Maria. “O brincar não tem que ser visto como uma ocupação de um momento ocioso e sim uma atividade nobre” complementou a coordenadora.
Para a presidente da Associação Brasileira de Brinquedotecas (ABBRI), Maria Célia Malta Campos, mesmo existindo muitas leis preocupadas com as crianças, o lazer e a diversão ainda não são prioridade. “A recreação e as atividades culturais são deixadas de lado e tidas como indiferentes, no entanto elas podem desenvolver um papel significativo terapêutico e de reabilitação para crianças que estão em risco”, ressalvou Maria Célia.
Dos quase mil hospitais pediátricos existentes no Brasil, apenas 31 possuem brinquedotecas são registradas. “Há um status negativo do profissional que cuida do Brincar, o brinquedista tem pouco prestígio, bem como a atividade que exerce” disse a Presidente da ABBRI, e continuou “É necessário uma maior valorização e aperfeiçoamento especializados dos profissionais para que a função da brinquedoteca seja plena”. Os profissionais não são apenas brincantes, a função deles é facilitar a adesão do tratamento das crianças com mais calma, poupando a equipe médica e trazendo harmonia entre familiares e médicos.
Brinquedotecas estão fechando porque não há um funcionário qualificado para atuar, não tem quem entenda e compreenda o brinquedo, que compreenda a brincadeira e o brincar, explanou a vice-presidente da ABBRI, Sirlândia Reis. Segundo ela, pesquisas comprovam que crianças de 0 a 2 anos internadas acham que foram abandonadas e crianças maiores que 2 anos acham que estão lá, por castigo de terem cometido algo de errado, já os adolescentes acham que vão morrer. “Mesmo internadas elas precisam continuar vivendo e o Brincar e a brinquedoteca representam essa vida” concluiu Sirlândia.
De acordo com pesquisa citada por Eliana Tarzia - presidente da IPA Brasil- Associação Internacional pelo Direito de Brincar, a criança hospitalizada que tem o auxílio da brinquedoteca tem o índice de recuperação aumentado em 20%. O que geraria uma melhora rápida do paciente e uma maior rotatividade na área pediátrica do hospital, atendendo um maior número crianças.
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