Em debate na Comissão de Cultura, ativistas pedem mais negros nas universidades
Durante audiência pública realizada nesta quarta-feira (21) pela Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados para marcar o Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, debatedores pediram mais espaço para os estudantes negros nas universidades.
Lembraram também que, longe de ser um dia para comemorações, o 20 de novembro é uma data para reflexão sobre os problemas enfrentados pelos afrodescendentes no Brasil, entre eles o homicídio de jovens negros.
Para a representante da Articulação Nacional de Negras Jovens Feministas, Adriana Santos Silva, não há como falar de avanços sociais ou uma pauta positiva, enquanto a sobrevivência for uma preocupação diária para homens e mulheres negros.
A bibliotecária e mestranda em ciência da informação, Franciéle Garcês, explicou que após 130 anos da abolição da escravatura é preciso que os negros ocupem os espaços acadêmicos para que eles possam estudar e contar sua própria história.
“É algo que nós enquanto pessoas negras nós buscamos. Nós não queremos mais que pessoas brancas venham interpretar nossa vida, fazer estudos e nos ter como objeto. Agora nós queremos o poder da fala, nós queremos falar por nós mesmos, nós queremos produzir conhecimento a partir das nossas vivências”, disse.
Racismo institucional
Especialista em ciência da informação, Andreia Souza lembrou que é preciso aproximar o conhecimento acadêmico da sociedade para que o racismo institucional diminua com o conhecimento cada vez maior da história real dos negros no Brasil. Para ela, enquanto não houver uma igualdade no número de negros e brancos nas universidades o conhecimento não vai chegar de forma adequada a toda a sociedade.
A presidente da comissão, deputada Raquel Muniz (PSD-MG), afirmou que o dia da consciência negra deve ser lembrado em todos os lugares do Brasil.
“E fazer com que a gente possa a cada dia diminuir a questão do racismo até um dia que verdadeiramente todos nós pensemos não em uma cultura albina, cultura negra, cultura branca, mas que todos nós possamos pensar em cultura juntos”, observou.
Edição – Roberto Seabra