Em debate a cadeia produtiva do carnaval

28/06/2013 18h20

Foto: Janaina Sobrino

Em debate a cadeia produtiva do carnaval

Clarice de Melo Andrade , Jorge Luiz Castanheira Alexandre, Paulo Cesar Miguez, Luiz Carlos Prestes Filho, deputado Paulo Ferreira, Claudia Leitão, José Francisco De Salles Lopes, Kaxitu Ricardo Campos

A audiência pública da cadeia produtiva do carnaval, requerida pelo deputado Paulo Ferreira (PT/RS), reuniu parlamentares, representantes do governo, artistas e diversos dirigentes, presidentes e mestres acadêmicos de movimentos culturais ligados ao setor. Como principal resultado, o grupo aprovou a criação de um grupo de trabalho (GT) para ajudar na construção de uma política nacional de incentivo à cadeira produtiva do carnaval.

Os integrantes da mesa sugeriram politicas tributárias diferenciadas para o setor, fomento para pequenas escolas ligadas ao carnaval, assim como a realização de um estudo mais profundo sobre a importância da festa popular, tanto do ponto de vista econômico quanto cultural. Também destacaram que os lucros obtidos pelo carnaval devem serem destinados às comunidades carnavalescas.

Na opinião do professor Paulo Miguez, da Universidade Federal da Bahia, “ … o ponto de partida de toda e qualquer ação que se queira desenvolver em relação as festas brasileiras, e particularmente em relação ao carnaval, é compreender o carnaval como um patrimônio intangível da vida brasileira. Se não fizermos isso, vamos estar não contribuindo para que a festa continue a ser grandiosa, mas apenas que ela possa explorar uma de suas múltiplas potencialidades”.

O deputado federal Evandro Milhomen (PCdoB/AP) destacou ser fundamental criar linhas de fomento para o setor. Ele lembra que apesar da festa popular conseguir recursos de doações é carente de políticas públicas. Propõe também que o Parlamento inclua no orçamento anual emendas voltadas para o carnaval.

Claudia Leitão, Secretária de Economia Criativa do Ministério da Cultura, refletindo sob a demanda da criação de um instrumento de formação profissional apresentada por Luis Carlos Prestes Filhos, e apresentado por Camila Soares, lembrou aos presentes que recentemente, a Ministra Marta Suplicy conjuntamente com o Ministro Aloizio Mercadante, instituiram um grupo de trabalho para a criação do Instituto das Artes e do Setor Criativo com caráter de faculdade. Reforçou ainda a importância de regionalizar a formação, formulação e fomento da cultura do Brasil.

Jorge Castanheira, Presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (LIESA), diz que “a economia do carnaval precisa ser revista e aprimorada porque a realidade de hoje é diferente da de três décadas atrás. Lidamos com uma economia exponencial, tanto do ponto de vista da cultura no Brasil e no exterior, quanto na economia”.

Na opinião de José Francisco de Salles Lopes, diretor do departamento de estudos e pesquisa da Secretaria Nacional de Políticas de Turismo do Ministério do Turismo, é necessário mapear a economia do carnaval que emprega direta e indiretamente muitos brasileiros.

A atriz Cléo Pires, madrinha do projeto "Escola do Carnaval", idealizado por Camila Soares da escola de samba mirim Pimpolhos da Grande Rio, destacou a importância de políticas voltadas para as escolas carnavalescas: “Precisamos dar mais dignidade a essas pessoas que fazem o carnaval, porque eles não têm nenhum apoio e mesmo assim realizam essa grande festa”.

A atriz Zezé Motta, destaca o reconhecimento que o carnaval vive: “Acho fantástico discutir a economia produtiva dessa festa popular. Sou filha de músicos, e na época dos meus pais, eles eram discriminados, marginalizados e perseguidos como vagabundos, só porque cantavam. Agora estamos discutindo politicas públicas para o carnaval”.

Ao final da audiência o deputado Paulo Ferreira pediu que as organizações carnavalescas de cada estado da federação encaminhem para o colegiado dois nomes que as representem no grupo de trabalho para a construção do plano nacional da cadeia produtiva do carnaval: “A ideia é que possamos construir um plano de ações nacionais para a cadeia produtiva do carnaval, fortalecendo e respeitando a diversidade cultural e as peculiaridades de cada festa”, afirmou o parlamentar. A audiência termninou com a leitura coletiva do Manifesto do Carnaval pelos presentes.

Participaram também da audiência, Kaxitu Ricardo Campos, presidente da União das Escolas de Samba Paulistanas (UESP), Clarice de Melo Andrade, secretária-executiva de Cultura da Secretaria de Patrimônio e Cultura da Prefeitura de Olinda(PE), representantes de escolas de samba e de movimentos carnavalescos, dos estados do Rio Grande do Sul, do Espirito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Distrito Federal, Pará e Santa Catarina.

Assista a audiência na íntegra: https://www.youtube.com/watch?v=Fa07hHx1Boo