Edição sobre Moda e Design cria grupo de trabalho para levantar soluções para o setor
"Expresso 168" Edição Moda e Design aponta os principais gargalos da cadeia produtiva da moda.
Foto: https://www.flickr.com/photos/foradoeixo
Na terça-feira (4), aconteceu a primeira versão do ciclo de encontros “Expresso 168”, que tem o objetivo de mediar soluções a curto e médio prazo para problemas dos mais diferentes segmentos da Cultura. Na primeira edição, o Expresso debateu os gargalos da indústria da moda e economia criativa, dando também pontapé inicial na criação de um grupo de trabalho para fomentar ideias ao setor. Estiveram presentes representantes dos ministérios da Cultura, do Desenvolvimento Indústria e Comércio, da Frente Parlamentar em defesa da confecção e indústria têxtil, deputados e representantes de entidades ligadas ao tema.
Durante duas horas de debate, coordenados pela presidenta da comissão, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB/RJ), e com transmissão ao vivo pela internet e acompanhamento nas redes sociais, os convidados apresentaram a situação atual da cadeia produtiva da economia criativa, desde as dificuldades com fomento, quanto formação da mão de obra, formalidade e logística: “Nós vivemos num sistema econômico que busca padronizar e concentrar. As grandes marcas que querem dominar o mercado de produção têxtil querem padronizar o designer. O que costumamos fazer para proteger o nosso mercado e a nossa cultura é incentivar a diversidade e a moda, que são duas coisas que se juntam. A moda incentiva o fortalecimento da nossa identidade”, aponta o presidente da Frente Parlamentar da Indústria Têxtil, deputado federal Henrique Fontana(PT-RS).
A integrante do Grupo de Trabalho de Economia Solidária do Conselho Nacional de Políticas Culturais e coordenadora nacional do Setorial da Unisol Brasil, Ekede Isabel, pontuou que a cadeia produtiva da moda no país vive como malabarista, com ausência de políticas públicas efetivas: “Enfrentamos dois grandes gargalos: o da qualificação profissional para costureiras e designers e a comercialização dos produtos. Quando acaba o contrato de três meses, muitas costureiras são demitidas porque falta profissionalização”, diz.
Já a diretora do Instituto Nacional de Moda e Design IN-MOD, criadora e organizadora do São Paulo Fashion Week, Maria das Graças Cabral e Silva, afirmou que moda é valor agregado ao produto final: “O designer é um diferencial, é o que determina o valor do produto. Hoje temos vários problemas na cadeia produtiva, entre eles a terceirização e a quarteirização do trabalho das costureiras, por exemplo. O resultado é o surgimento do trabalho escravo no setor, o que é gravíssimo”, pontua.
Na opinião do deputado Stepan Nercessian (PPS/RJ), a cadeia produtiva da moda é heroica, porque sobrevive com dificuldade: “Temos qualidade, temos preço, mas não temos como escoar os produtos produzidos para o exterior devido à falta de logística e a tributação que mata qualquer micro empreendedor”, diz. Já Luciana Santos (PCdoB/PE) ressalta que o designer não vende uma roupa, mas sim, moda, um produto com diferencial e referência.
Na visão da secretária de Economia Criativa do Ministério da Cultura, Cláudia Leitão, é preciso que o Estado se mobilize para realizar ações conjuntas e movimentar o setor da moda. De acordo com a secretária, se faz necessário implementar grandes ações que estruturem uma política para o setor: “Precisamos mapear quais os setores da moda são mais atuantes e quais seus impactos no Produto Interno Bruto, temos também que qualificar toda a cadeia produtiva, criar linhas bancárias de fomento para o setor e estabelecer marcos legais nas áreas: tributária, trabalhista e previdenciária”.
A deputada Jandira Feghali propôs aos participantes a produção de um documento que subsidie o colegiado, e ao Executivo, com informações que viabilizem a efetivação de políticas e programas que estão parados. A secretária do Minc comprometeu-se a enviar à comissão, no prazo de 15 dias, um documento com as propostas legislativas do Ministério, assim como os representantes da sociedade civil também assumiram o compromisso de encaminhar um documento com suas demandas.
Também participaram do Expresso 168 o deputado José Stédile (PSB/RS), o coordenador-substituto de Competitividade Industrial e Desenvolvimento Sustentável - Programa Brasileiro de Design do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Demétrio Toledo, a assistente de Relações Governamentais da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Bárbara Layza Ramalho dos Santos e o coordenador do Curso de Modas do Instituto de Ensino Superior de Brasília – IESB, Marco Antonio Vieira.
Assista o"Expresso 168" Edição Moda e Design:
https://www.youtube.com/watch?v=rL5MZ0OLXmU
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A deputada federal Jandira Feghali sugere ações imediatas e de longo prazo para o setor da moda
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Confira mais entrevistas de participantes do "Expresso 168" Edição Moda e Design no https://www.youtube.com/user/comculturanacamara