Dia Internacional do Direito à Verdade pode entrar no calendário nacional
Rogério Tomaz Jr
Alex de Paula Xavier Pereira foi militante da Ação Libertadora Nacional (ALN). Preso político na ditadura, foi morto em 1972 por policiais do DOI-Codi.
Nesta quarta-feira (16), a Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei (PL) 4.903/2012, que inclui o Dia Internacional do Direito à Verdade no calendário nacional de datas comemorativas. Em 2010, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou o dia 24 de março como o Dia Internacional do Direito à Verdade sobre Graves Violações aos Direitos Humanos e da Dignidade das Vítimas. Uma data destinada à reflexão coletiva a respeito da importância do conhecimento das situações em que tiverem ocorrido graves violações aos direitos humanos, seja para a reafirmação da dignidade humana das vítimas, seja para a superação dos estigmas sociais criados por tais violações.
Segundo o texto do PL, a ideia não é apenas obter uma data oficial de referência para a celebração do direito à verdade, “mas levantar a discussão sobre a matéria a partir da própria tramitação de proposições legislativas destinadas a consagrar tal data nos vários âmbitos da Federação”.
O relatório do deputado Nilmário Miranda (PT/MG), aprovado por unanimidade, reforçou a importância da iniciativa. De acordo com o parlamentar, é essencial que se fortaleça em todo o País “o ideal da democracia e da tolerância o respeito à diversidade, o amor à verdade e a prática do direito incondicional à verdade, o acolhimento e amparo das vítimas, o reconhecimento dos direitos de todos, sobretudo dos mais fracos e despossuídos”.
A matéria segue agora para deliberação na Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania da Câmara.
Datas comemorativas
A Comissão de Cultura aprovou também outros dois projetos de lei que instituem datas comemorativas. O PL 3.562/2012, que institui o Dia Nacional do Empregado Sindical e o PL 5.276/2013, que institui o Dia Nacional do Boxe.
Autor do PL 3.562/2012, o deputado José Stédile (PSB/RS), defende em seu projeto que o dia 9 de maio seja destinado à categoria, pois “os trabalhadores em entidades sindicais, ao longo da história, têm dado importante contribuição para o mundo do trabalho, inclusive em períodos tensos, como na ditadura militar”. Segundo o projeto do deputado, esses trabalhadores “nunca tiveram reconhecido o seu valor e, por ironia, foram impedidos de se organizar pelas suas reivindicações”. Há sete anos, o Congresso aprovou uma lei que modificou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e assegurou o direito de organização dos sindicatários. Para ele, a aprovação da data é uma forma de reconhecimento e motivação para a categoria.
Em seu relatório, aprovado por unanimidade, o deputado Nilmário Miranda reforçou que a data escolhida – mesma da aprovação da lei que altera a CLT – é simbólica para a classe. Segundo Nilmário, sem os sindicatários, a vida, as batalhas e as conquistas dentro das entidades sindicais não seriam possíveis, e a data comemorativa é uma forma de fortalecer esses profissionais. “A categoria homenageada, que tem se empenhado para modernizar e ampliar as relações dentro das entidades sindicais. Apesar de viverem diariamente a luta pelos direitos de tantas categorias profissionais, esses trabalhadores não têm ainda suas próprias reivindicações consolidadas.”
Já o PL 5.276/2013, do deputado Acelino Popó (PRB/BA), estabelece o dia 26 de março para o reconhecimento do boxe. Segundo o deputado, a data visa promover “as potencialidades desse esporte no enfrentamento da exclusão e vulnerabilidade social, além de evidenciar as dificuldades e os desafios que devem ser superados para o aperfeiçoamento das condições de segurança em sua prática e profissionalização”. A escolha da data é uma homenagem a Eder Jofre, considerado um dos maiores pugilistas brasileiros.
O relator da matéria, deputado Danrlei de Deus (PSD/RS), destacou em seu parecer, aprovado por unanimidade pelos parlamentares, que o boxe, assim como outros esportes, não possui apoio governamental suficiente para um desenvolvimento significativo e depende da dedicação dos atletas para obter resultados relevantes.
Os dois projetos seguem agora para apreciação na Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania da Câmara.