Convidados apontam importância histórica do Cerco da Lapa
Para instituir o Dia Nacional do Cerco da Lapa no calendário de datas comemorativas, a Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados realizou nesta terça-feira (29) uma audiência pública com historiadores, gestores públicos e militares que apontaram a importância histórica do episódio para a consolidação da República no Brasil.
“O Cerco da Lapa foi o momento em que as tropas federalistas avançavam no sentido Rio Grande do Sul – Santa Catarina e a Lapa (PR) serviu de um cerco, onde o general Gomes Carneiro, comandado pelo marechal Floriano Peixoto resistiu por mais de 26 dias, segurando o avanço dessas tropas federalistas para São Paulo e Rio de Janeiro. Isso deu tempo para que as tropas republicanas se organizassem e fizessem com que as tropas federalistas retrocedessem rumo ao Rio Grande do Sul”, conta a prefeita de Lapa, Leila Klenk.
Para a deputada Rosane Ferreira (PV/PR), autora da lei estadual e idealizadora da lei federal junto com o deputado Leopoldo Meyer (PSB/PR), instituir essa data no calendário nacional significa “estudar esse momento da história do País”. “No meu entendimento, isso reforçará a cidadania, essa questão da soberania nacional. Tenho o objetivo de difundir o que foi o Cerco da Lapa e a importância desse episódio para a grandiosidade do País.”
A opinião da deputada é compartilhada pelo coronel Marcelo Chiesa, comandante do 15º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado do Exército, que acredita a população terá interesse em conhecer mais este episódio da história do País. “Vão procurar saber o que foi e procurando saber o que foi o Cerco da Lapa vão conhecer uma história riquíssima, triste, mas uma verdadeira epopeia brasileira, naquilo que podemos dizer que salvou a República no ano de 1894”, destacou.
O Cerco da Lapa foi o mais importante evento da Revolução Federalista, segundo o mestre em História pela Universidade Federal do Paraná, Marcos Dias Araújo. Para ele, esta data vai estimular o debate a respeito da nação brasileira. “Muitas coisas que foram estabelecidas naquele momento têm repercussão até hoje: a polícia militar, o federalismo, o positivismo, tudo isso foi criado naquele início na República e foi debatido pelos homens da Revolução Federalista. Hoje, quando nós revivemos os debates políticos brasileiros, quando conversamos sobre violência, política e participação do cidadão, a Revolução Federalista nos leva a refletir sobre isso e sobre como nós podemos pensar o nosso presente de acordo com nosso passado”, afirmou.
Para Renato Carneiro, diretor do Museu Paranaense e representante da Secretaria de Cultura do Paraná, este episódio permitiu “implantar integração das diversas regiões do País e fazer com que nós chegássemos ao século 21 nas condições que nós estamos”.
“Será o dia de resgate de uma parte da história do Brasil”, concluiu o deputado Leopoldo Meyer.
A audiência pública era uma etapa prévia à apresentação do projeto de lei (PL). De acordo com o artigo 2º da Lei nº 12.345/2010, que fixa critério para instituição de datas comemorativas, é preciso realizar audiências públicas para que o critério de “alta significação” seja reconhecido. Agora é aguardar a apresentação do PL pelos parlamentares para dar início à tramitação na Câmara.