Ccult celebra os 100 anos de Dorival Caymmi

Audiência pública, realizada pela Comissão de Cultura, discutiu a importância do legado que o cantor baiano deixou para a cultura brasileira e contou com a participação de Danilo Caymmi, músico e filho de Dorival; Ricardo Cravo Albin, historiador e presidente da Academia de Letras do Rio de Janeiro; Marielson Carvalho, professor e escritor; e João Jorge Amado, advogado e filho do escritor Jorge Amado.
22/04/2014 18h00

Foto: Lóris Canhetti/Ccult

Ccult celebra os 100 anos de Dorival Caymmi

A audiência contou com a participação de Danilo Caymmi, músico e filho de Dorival

Com música, história e poesia, a Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, presidida pela deputada Alice Portugal (PCdoB/BA), relembrou a obra do cantor Dorival Caymmi e prestou homenagens ao centenário do músico. Durante audiência pública, realizada na tarde desta terça-feira (22/04), foi discutida a importância do legado que o cantor baiano deixou para a cultura brasileira.  

Segundo o deputado Penna (PV/SP), proponente da audiência pública, a ideia foi trazer a obra de Caymmi para aproximar a Câmara dos Deputados das aspirações populares. “Tenho sempre a ideia de que podemos melhorar essa Casa e aproximá-la dos sonhos do povo. O jeito de Caymmi trabalhar a palavra cantada foi algo de tamanha precisão que vai perpassar anos e anos pela sua capacidade de musicar palavras. Caymmi é um mestre que muito nos ensinou. Ele tratou de temas como o mar, a Bahia, as mulheres e o amor de uma maneira de velho e bom carpinteiro”, destacou o deputado.

A audiência contou com a participação do filho do músico, Danilo Caymmi, que relembrou histórias do cantor e falou da influência do pai em sua vida artística. “Meu pai me ensinou muita coisa da profissão, o gosto pelas artes plásticas, poesia, literatura e cinema. Ele me formou e me deu o primeiro instrumento. Ele me ensinou que melodia boa passa os tempos e ele tem toda a razão, pois a obra dele ainda está viva, viva como a Bahia. Fiz questão de modificar minha agenda para poder estar aqui participando desta audiência”, disse Danilo.

Historiador e presidente da Academia de Letras do Rio de Janeiro, Ricardo Cravo Albin destacou que as músicas de Caymmi buscavam sempre a felicidade. “Caymmi abrigou exatamente essa possibilidade de ser feliz na sua música. A música dele é o resumo da alma atemporal, mulata, faceira e generosa do povo brasileiro. Portanto, acredito que a obra de Dorival Caymmi representa o Brasil plural, que mergulha nas suas fontes, como nunca deveria deixar de mergulhar, e Caymmi representa a beleza do nosso país”, afirmou o historiador.

Considerado o poeta popular, Dorival Caymmi desenvolveu um estilo pessoal de compor e cantar, demonstrando espontaneidade nos versos. Algumas músicas do baiano levaram anos para serem finalizadas. Durante a audiência, o professor e escritor Marielson Carvalho destacou essa questão do tempo que Caymmi levava para compor. “Quando falamos em preguiça de baiano temos o imaginário que o baiano não gosta de trabalhar, mas nas canções de Caymmi não existe nenhuma apologia à preguiça, pois todos os personagens dele trabalham, como a baiana do acarajé, o pescador que vai para o mar, como diz a música ‘Canção da Partida’: “Minha jangada vai sair pro mar, vou trabalhar, meu bem querer”. A preguiça de Caymmi é contemplativa, laboral. Essa demora de fazer as canções não era preguiça, mas sim o tempo ideal dele de criar. Caymmi era um trabalhador da canção”, enfatizou o pesquisador.

A audiência contou também com a participação do advogado João Jorge Amado, filho de Jorge Amado, que destacou a grande relação de Caymmi com seu pai.