A produção econômica através da Cultura
A Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados participou, na terça-feira (21), do debate organizado no âmbito do projeto “Diálogos Setoriais – União Europeia / Brasil”. O evento, de iniciativa dos ministérios da Cultura, do Planejamento, Orçamento e Gestão e da União Europeia, discutiu a importância da Cultura no desenvolvimento social e econômico.
Durante o seminário, os palestrantes destacaram a Cultura como formadora da organização social e da sustentabilidade das comunidades. Para Olu Alake, um dos palestrantes, “a Cultura é elemento propulsor para a reorganização social e produtiva tanto de comunidades afastadas de seus países de origem quanto de comunidades que moram e atuam em seu país natal”. Alake citou, por exemplo, a cultura divulgada pela Nollywood, a indústria cinematográfica da Nigéria, que além de muito forte, se estende para o mundo da moda – Nigerian Fashion. Ele defendeu também a diversidade, citando Chimamanda Ngozi Adichie autora de ”O perigo da história única”, e defendeu a saúde cultural de uma sociedade.
Tião Rocha, educador popular e coordenador do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento de Minas Gerais, citou a experiência de criar a primeira cidade educativa em Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha – MG. Segundo Tião, “a experiência viabilizou o primeiro cinema da cidade de iniciativa dos jovens cantores de Araçuaí, e que motivaram a criação de uma produtora de filmes denominada por ele Os Novos Glaubers (Cinema Meninos de Araçuaí) , e que mais tarde motivou a criação de uma fábrica de software para se instrumentalizarem na produção dos próprios filmes”.
Sobre o impacto da cultura no desenvolvimento econômico, Kimmo Aulake da Finlândia destacou que tanto o desenvolvimento da economia e da indústria criativa, em seu país precisa melhorar: “Na Finlândia não existe um marco que coloque o direito autoral com valor de mercadoria, que funcione como ativo e consequentemente sirva de garantia para Bancos realizarem empréstimos e investimentos no setor”, explicou Aulake.
Na opinião de Paulo Miguez da Universidade Federal da Bahia, a Cultura não é e nem pode ser tratada como mercadoria, mas sim como ela é: Cultura. “Cabe ao Estado cuidar para que a Cultura não seja economizada, convertida em mercadora, mas culturalizar a economia. Ou seja, cabe ao Ministério da Cultura cuidar do caráter estético, ético e simbólico da Cultura. Sobre o caráter de geração de renda que envolva bens culturais, esse deve ser cuidado por outros órgãos, como o ministério de Turismo, por exemplo”, afirmou Paulo Miguez.