Gás natural não contribui para a competitividade no Brasil

A exploração do gás natural não tem contribuído para a competitividade da indústria brasileira. Essa foi a principal conclusão da audiência pública que a Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) realizou, hoje, em conjunto com a Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio (CDEIC).
24/09/2013 19h18

Foto e texto: Telmo Fadul

Gás natural não contribui para a competitividade no Brasil

CCTCI e CDEIC debatem gás natural

Os autores do requerimento para realização do encontro são os deputados federais Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), presidente da CCTCI, Angelo Agnolin, presidente da CDEIC e Vanderlei Siraque (PT-SP). Eles propuseram a discussão com o intuito de identificar meios concretos para a melhoria do mercado de gás natural no Brasil.

O presidente da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (ABIAPE), Luiz Menel da Cunha, começou dizendo que, hoje, o Brasil não possui uma política de preços para o gás natural. “Nessa situação, muitos dos projetos de expansão do setor acabam engavetados”.

Já o presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (ABRACE), Paulo Jerônimo Bandeira, lembrou que, de 2008 para cá, enquanto o custo de produção do gás natural nos Estados Unidos caiu 50%, no Brasil, o aumento foi de 100%.

“Se o governo gastasse com o gás natural 10% do que gasta para subsidiar a gasolina, teríamos condições semelhantes às de outros países mais competitivos”, expôs Bandeira.

Também presente às discussões, o Superintendente da Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro (Abividro), Lucien Bernard Belmonte, citou a pequena infraestrutura de distribuição do gás natural como um dos maiores entraves para a expansão do mercado.

“Hoje, é mais fácil trazer vidro da Colômbia do que produzir aqui. Então, fica difícil para qualquer cadeia industrial”, enfatizou Belmonte.

Por sua vez, o Coordenador da Comissão de Energia da Associação Brasileira do Alumínio (ABAL), Eduardo Spalding, disse que o país poderá pagar um “alto preço” pelas escolhas erradas. “Já andamos demais nos últimos cinquenta anos para retroceder de uma forma tão desalentadora”, reclamou.

Ao contrário dos demais debatedores, a Diretora do Departamento de Gás Natural do ministério de Minas e Energia (MME), Symone Christine de Santana Araújo, considerou que o setor tem tido um crescimento considerável. “Tenho certeza que, em 2020, nossa oferta estará no dobro do patamar atual”.