Entidades apontam formas de o Congresso contribuir para a inovação tecnológica

Reduzir a burocracia contida na legislação, compreender os desafios que surgem e tornar a economia brasileira mais atraente à inovação tecnológica. Essas foram algumas das propostas apresentadas durante o seminário “O papel do Congresso Nacional na inovação tecnológica” realizado, dias 30 e 31 de agosto, pela Comissão de Ciência e Tecnologia Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados.
31/08/2011 17h15

Saulo Cruz

Entidades apontam formas de o Congresso contribuir para a inovação tecnológica

Presidente da CCTCI, Deputado Bruno Araújo, e convidados na abertura do seminário

O seminário, cuja iniciativa foi do presidente da CCTCI, Bruno Araújo (PSDB-PE), reuniu algumas das mais importantes instituições de pesquisa do País, juntamente com cientistas e empresas brasileiras que se destacam no cenário internacional.

Participaram do evento o cientista Silvio Meira, chefe do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR), a Prospectiva Consultoria, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Intefarma), a Embrapa, a Embraer e a Petrobrás.

Ricardo Sennes, sócio-diretor da Prospectiva Consultoria, disse que o Estado tem participado de forma ativa na inovação tecnológica, embora o impacto econômico ainda seja baixo. “Nos últimos anos o número de doutores aumentou, mas a quantidade de patentes estagnou-se em 0,2% do total mundial”, avaliou. Para Ricardo Sennes o grande desafio é tornar o Brasil um espaço onde o empresário identifique a oportunidade existente e entre na disputa. Segundo ele é fundamental participação das empresas na inovação tecnológica.

Na mesma linha de Sennes, o presidente da Finep, Glauco Arbix, disse que as empresas brasileiras inovam muito pouco. “Nos países avançados 70% dos gastos com pesquisa são realizados por empresas, aqui é exatamente o contrário, quem mais investe é o setor público” frisou.

“Ou o mundo para e espera o Brasil, ou segue e deixa o Brasil”, disse o presidente-executivo da Intefarma, Antonio Britto Filho. Ele que já foi parlamentar e presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, quer que o Congresso Nacional faça uma limpeza no “cipoal” burocrático que existe para emperrar a ciência e tecnologia.

O cientista Silvio Meira, que tratou do tema “Educação empreendedora”, apontou falhas no modelo de ensino aplicado na maioria das escolas de nível superior. “A educação no Brasil não é criativa, ela é repetitiva”, disse ele, criticando o fato de o aluno a decorar e repetir conceitos, ao invés de aplicar o que aprendeu na resolução de problemas. “Na maioria das escolas brasileiras ensina-se zero por cento ao estudante a desenvolver modelos de negócios. As escolas inovadoras criam times para resolver problemas.”

O vice-presidente de relações institucionais da Embraer, Jackson Medeiros de Farias Schneider, que falou sobre o tema “O setor produtivo e a inovação tecnológica”. Ele enfatizou a necessidade de o setor produtivo investir em qualificação. Segundo Jackson, na Embraer não existem colaboradores com nível de escolaridade inferior ao ensino médio. “A inovação deve ser iniciada por meio da qualificação da mão-de-obra”, frisou.

O Gerente de Estratégia Tecnológico da Petrobras, Roberto Murilo de Carvalho Souza, lembrou que para fazer a inovação tecnológica é preciso  investir. Como exemplo ele disse que a Petrobras gastou U$224,7 bilhões na criação do Centro de Desenvolvimento Tecnológico da Ilha do Fundo, no Rio de Janeiro. Tanto a Embraer quanto a Petrobras disseram que o Congresso Nacional pode ajudar no incremento do desenvolvimento tecnológico propondo formas de unir o trabalho do governo, da academia e do setor privado.

Confira as apresentações e o áudio (30/agosto) (31/agosto)