Audiência discute risco de acidente nuclear no Brasil
Um acidente nuclear como o de Fukushima dificilmente se repetiria no Brasil, segundo especialistas ouvidos nesta quarta-feira pelas comissões de Relações Exteriores e de Defesa Nacional; e de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática.
O coordenador do Sistema de Proteção Nuclear (Sipron) do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, José Mauro Esteves dos Santos, garantiu aos deputados que não há motivo para preocupação.
"Temos um reator completamente diferente do de Fukushima. Não temos as condições geológicas do Japão. Dessa forma, um acidente igual ao de Fukushima, ou mesmo parecido, é extremamente improvável no Brasil", disse Santos.
O acidente em Fukushima ocorreu depois de uma usina nuclear ter sido atingida por um terremoto e, depois, por uma tsunami (onda gigante). Houve falha no fornecimento de energia na usina, que levou à explosão de reatores e vazamento de radiação nuclear.
Dada a magnitude, Fukushima mostrou que os cenários de acidente podem ser complexos. Segundo o coordenador do Sipron, no próximo exercício de simulação de acidentes nas usinas de Angra dos Reis (RJ), que ocorrerá em setembro, os dois reatores entrarão em estado de alerta simultaneamente.
Outra mudança que será testada é a simulação da distribuição de pastilhas de iodo para a população local. A ingestão dessa pastilha impede que o organismo absorva iodo radioativo em caso de vazamento.
Relatório de segurança
O diretor de Radioproteção e Segurança Nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Laércio Vinhas, também tranquilizou os parlamentares. Ele disse que no processo de licenciamento das usinas está prevista a apresentação de relatório de segurança. O documento, segundo Vinhas, tem 5 mil páginas e traz informações detalhadas sobre a prevenção de acidentes e os procedimentos a serem adotados caso ocorram.
"Estamos preparados. Como se viu no acidente de Fukushima, há um tempo de resposta, não é algo imediato. É possível estudar a evolução do acidente, tomar as medidas necessárias e, caso seja necessário, retirar as pessoas. Mas não é a única medida a ser adotada. Há outras, como abrigagem, como ocorreu em Fukushima, para atender parte da população", afirmou Vinhas.
Autor do pedido de realização da audiência pública, o deputado Takayama (PSC-PR), questiona se, com todas as fontes energéticas alternativas, o Brasil precisa contar com a energia nuclear. Ele lembrou que após o acidente de Fukushima, o governo da Alemanha decidiu desligar todas as usinas nucleares do país nos próximos dez anos.
Reportagem – Geórgia Moraes/Rádio Câmara
Edição – Ralph Machado
'Agência Câmara de Notícias'