Produtores de tabaco cobram posição do governo em convenção internacional sobre o tema
Representantes da cadeia produtiva do fumo e prefeitos de municípios plantadores de tabaco lotaram nesta terça-feira (22) o auditório Freitas Nobre, da Câmara dos Deputados, para cobrar qual será a posição do governo brasileiro na Oitava Conferência da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco, em outubro, na Suíça.
As reclamações dos representantes do setor são de que eles não são chamados para as discussões prévias aos encontros internacionais, nem sabem antecipadamente qual é a posição brasileira e chegam a ser barrados quando viajam para participar das conferências, como teria acontecido na Índia, em 2016.
Durante audiência pública da Comissão de Agricultura da Câmara, eles apresentaram os números do tabaco no Brasil: 40 mil empregos diretos e 619 municípios que dependem dessa fonte de renda, principalmente no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Segundo o presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco, Iro Schünke, o fumo gerou R$ 6 bilhões de reais em receitas no ano passado.
"Nós estamos falando de um produto que o Brasil exporta 90% e que se nós pararmos de produzir aqui no País, alguém vai produzir. Se houver demanda, vai ter produção. Nós precisamos continuar defendendo aqui no Brasil a produção e a exportação", argumentou.
Observadores
Falando em nome dos municípios produtores de fumo, o prefeito de Venâncio Aires, Giovane Wickert, sugeriu uma reunião, no mês de junho, com os integrantes da Comissão Nacional para o Controle do Tabaco. Ele reivindicou que um representante dos prefeitos tenha uma credencial de observador durante a conferência de outubro, na Suíça.
Mercado ilegal
A secretária-executiva da Comissão Nacional para a Implementação da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco, Tania Cavalcanti, explicou que os temas para o encontro da Suíça, chamado de Cop 8, serão definidos em agosto. Segundo ela, só a partir daí o governo brasileiro pode divulgar sua posição oficial sobre cada item.
Uma das discussões deve ser sobre um protocolo de combate ao mercado ilegal de cigarros. Tania Cavalcanti avalia que o fato de 90% por cento da produção nacional de tabaco ser exportada pode tornar o agricultor uma vítima desse processo.
"Ele é seduzido para produzir tabaco com a ideia de que essa produção vai gerar riqueza. E pode até em algumas situações gerar bem-estar e riqueza, mas não é isso o que a gente vê na maior parte dos casos", ponderou.
Diversificação
Tania Cavalcanti acrescentou que é preciso investir na diversificação de culturas para diminuir a dependência dos agricultores da produção de tabaco. Diante das explicações dos integrantes do poder Executivo, o deputado Alceu Moreira (MDB-RS), que pediu a audiência, sugeriu acompanhar uma comissão de prefeitos a vários ministérios para sensibilizar o governo sobre a cadeia produtiva do tabaco.
Ele reiterou a importância de separar o combate ao tabagismo da produção brasileira de fumo. “Ninguém desconhece as doenças do cigarro, ninguém incentiva a fumar, mas criminalizar quem produz tabaco é uma grande injustiça", disse.
Da Agência Câmara Notícias