Entidades defendem políticas de valorização do camarão nacional
Gilberto Nascimento
Segundo debatedores, os produtores brasileiros perderam espaço e competitividade nos últimos anos
O presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), Itamar de Paiva Rocha, defendeu na quinta-feira (31) a valorização do crustáceo brasileiro. Ele ressaltou que os produtores nacionais perderam espaço e competitividade nos últimos anos. “Em 2004, éramos líder das exportações de camarão para a União Europeia. Hoje, estamos apenas na 62ª posição”, lamentou.
Paiva Rocha participou de audiência pública na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados.
“Melhorando nossos incentivos e a nossa tecnologia, temos total capacidade de produzir e consumir sem precisar da importação”, acrescentou o deputado Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE), outro idealizador da reunião.
Pesquisas
Daniel Lanza, professor e doutor em biologia funcional e molecular da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), destacou a importância das pesquisas. “Precisamos entender melhor os agentes patogênicos antes de tomar qualquer decisão em relação a trazer ou não o camarão de fora do País. E esse entendimento só será possível com a pesquisa”, avaliou.
Por sua vez, o professor e doutor em ecologia e recursos naturais da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Pedro Martins, argumentou que a dificuldade de gerenciamento das doenças é um desafio, mas não deve ser motivo para abrir mão do negócio. “Temos diversas vantagens competitivas, como o sol, a mão de obra, o clima, e sabemos trabalhar com a chamada doença da mancha branca, que é inofensiva ao ser humano, mas letal ao crustáceo.”
Investimento
O diretor substituto do Departamento de Crédito e Estudos Econômicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Antonio Luiz Machado de Moraes, informou que a política de crédito rural para a safra 2017 e 2018 contempla medidas específicas de apoio à carcinicultura.
“O apoio consiste na introdução de possibilidades de financiamento à essa modalidade, no âmbito do Inovagro, programa de investimento, do Moderagro, de modernização da agricultura”, apontou.
Moraes completou que as linhas de financiamento contemplam os produtores pequenos, médios e grandes.
Crédito
A gerente do Departamento de Agroindústria do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), Gisele Ferreira Amaral, explicou que, para a operação de concessão de crédito direto, é analisado o perfil do beneficiário. “Nós vemos a capacidade de pagamento, se está em dia com as obrigações fiscais e previdenciárias, se dispõe de garantias para cobrir o risco da operação, se cumpre a legislação ambiental”, relatou.
No caso do crédito indireto, explicou o gerente substituto de Relacionamento Institucional e Gestão do Crédito Rural, Francisco Nogueira de Barros Lima, o beneficiário pode ir diretamente ao portal do BNDES e solicitar a abertura de financiamento. “O produtor apresenta suas necessidades e o banco mostra as linhas disponíveis e condições de pagamento.”
Da Agência Câmara Notícias