Deputados vão realizar conferências regionais sobre produção de fertilizantes

Comissão da Câmara dos Deputados decidiu ampliar o debate depois de realizar audiência em que discutiu alternativas para desenvolver a indústria do aditivo agrícola no Brasil, que hoje importa 78% do que consome.
26/11/2013 17h21

Após audiência pública nesta terça-feira, deputados decidiram realizar conferências regionais para debater a instalação de fábricas de fertilizantes. O deputado Afonso Hamm (PP-RS) destacou especificamente a possibilidade de produção desses aditivos agrícolas a partir do enxofre gerado em termelétricas.

Segundo o deputado, um dos autores do pedido para realização da audiência sobre o tema na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, essa possibilidade tecnológica seria interessante especialmente para o Sul do País, que importa parte da energia que consome. “O Rio Grande do Sul compra 65% do que necessita, e no verão chega a 80%. Podemos gerar energia firme e produzir fertilizantes com os rejeitos”, defendeu.

Hamm ressaltou que já existem cinco plantas industriais que utilizam essa tecnologia no mundo. Conforme afirmou, a técnica consiste em combinar o enxofre produzido pela queima do carvão mineral com amônia. “Ao invés de utilizar calcário para fazer neutralização desse enxofre, usa-se a amônia como reagente.” Dessa reação resultaria o sulfato de amônia, produto utilizado na fertilização do solo.

Política industrial
A ideia das conferências foi do deputado Alceu Moreira (PMDB-RS). “Se já tem tecnologia disponível, podemos juntar todos os atores que podem criar processos industriais e transformar esses conhecimentos em produtos”, afirmou.

Outro autor do pedido de realização da audiência, o deputado Josias Gomes (PT-BA), que presidiu a reunião, garantiu que serão realizados os debates regionais. Gomes considera importante conhecer o nível de desenvolvimento tecnológico em cada localidade para ver onde é possível instalar as potenciais indústrias. Para ele, esse será “o começo das políticas industriais para produção de fertilizantes no País”.

Dependência
Atualmente, o Brasil importa 78% dos fertilizantes que consome. Mas, de acordo com o secretario-adjunto de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério das Minas e Energia, João José da Mora Souto, essa dependência vai cair para 53% nos próximos cinco anos.

Isso vai ocorrer, segundo afirmou, porque nesse período quatro novas fábricas de fertilizantes nitrogenados vão entrar em operação no País. Duas começam a operar já no ano que vem, outra em 2016, e a última em 2018.

Para o pesquisador José Carlos Polidoro, da Embrapa Solos, outra forma eficiente de reduzir a dependência externa do País por fertilizantes é aumentar a eficiência agronômica. De acordo com o especialista, apenas 60% do produto utilizado é efetivamente absorvido pelas lavouras brasileiras.

Reportagem – Maria Neves
Edição – Marcos Rossi
Da Agência Câmara Notícias