Deputado Luis Carlos Heinze vai propor novas taxas de juros para produtores
Cleia Viana / Câmara dos Deputados
Deputado Luis Carlos Heinze: demandas de produtores serão levadas para negociação junto aos ministérios da Agricultura e da Fazenda
Proposta para diminuir as taxas de juros estabelecidas pelo Plano Agrícola e Pecuário 2016/2017 será levada ao Ministério da Agricultura na próxima semana. A informação foi dada pelo deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS), durante audiência pública da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados realizada nesta quinta-feira (19). O evento reuniu diversas associações do setor e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) para discutir ajustes à proposta do Executivo.
O Plano foi anunciado pela presidente Dilma Rousseff pouco antes de ser afastada do cargo. Apesar de destinar mais de R$ 200 bilhões de crédito aos produtores rurais, valor que representa aumento de 8% em relação à safra anterior, o setor reclamou das taxas de juros nas linhas com subsídios, que variam entre 8,5% e 12,5% ao ano. Na safra anterior, estavam entre 7% e 10,5% ao ano.
Luis Carlos Heinze ressaltou que é preciso uma redução nas taxas de juros que estão acima da inflação. Na avaliação do parlamentar, o ideal é que esse percentual não ultrapasse a taxa de 8,75% para os produtores rurais.
"Queremos fazer um resumo do que as entidades representativas dos produtores do Brasil inteiro, das cooperativas do Brasil, de todos segmentos, do arroz, da soja, da cana, algodão, milho, leite, boi, suíno, frango, porque cada um falou suas demandas. Nós vamos levar isso ao ministro [da Agricultura] para que nós possamos ajustar rapidamente com o ministro da Fazenda na próxima semana", disse.
Heinze explicou que as correções ao plano precisam ser resolvidas rapidamente, já que as resoluções do Banco Central sobre a proposta devem sair no mês de junho.
Negociação
O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Marcelo Cabral, esclareceu que o plano foi elaborado a partir de uma discussão entre Ministério da Fazenda, Banco Central, Tesouro Nacional e entidades de classes. Segundo ele, na medida do possível, tentou-se contemplar as reivindicações das organizações.
Cabral esclareceu que a pasta está aberta ao diálogo e informou que é possível ainda uma redução nas taxas de juros, mas disse que é uma discussão delicada e que precisa ser negociada com todos os envolvidos. "Existe de fato uma tendência de redução de taxa de juros, mas isso é uma possibilidade, então você tem que olhar com bastante cautela, quando você discute isso. Mas obviamente há espaço para gente discutir. Receber esses pleitos e discutir, o ministério está sempre aberto", afirmou.
O representante da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Bruno Barcelos, criticou o anúncio do Plano Safra. Na avaliação dele, a antecipação na divulgação da proposta impossibilitou que o setor passasse algumas prioridades para o ministério, como, por exemplo, as linhas de investimentos que deveriam ser priorizadas.
"A forma que foi apresentada, em um ambiente econômico desfavorável, fez com que a taxa de juros ficasse bastante elevada, sendo a maior deste século dos Planos Agrícolas. Em um novo ambiente político econômico a gente já tem uma percepção muito mais otimista do cenário brasileiro. E como já teve o anúncio das taxas fica muito difícil de a gente negociar, voltar à negociação com o Ministério da Fazenda”, afirmou Barcelos.
O Plano Agrícola e Pecuário 2016/2017 entra em vigor no dia primeiro de julho deste ano e se estende até 30 de junho de 2017.
Edição – Mônica Thaty