Comissão de Agricultura debate mudanças climáticas e o impacto na agropecuária brasileira

De acordo com os requerimentos 441 e 449/2013, CAPADR debate relatório do PBMC e o impacto das mudanças climáticas na agropecuária.
06/11/2013 15h04

A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) realizou Audiência Pública na tarde desta terça-feira (05) para, de acordo com os requerimentos números 441/2013 e 449/2013, respectivamente, discutir os resultados do primeiro relatório de avaliação elaborado pelo Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) e debater os cenários projetados pelo relatório no contexto da atividade agropecuária. O requerimento número 441 é de autoria do Deputado Bohn Gass (PT/RS), presidente da sessão, e o número 449 é de autoria do Deputado Beto Faro (PT/PA). De acordo com o Deputado Bohn Gass, as alterações climáticas precisam ser estudadas e mitigadas de forma a orientar a produção.

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Da esquerda para direita: Nelson Ananias Filho, Luiz Carlos Molion, Gilvan Sampaio de Oliveira,Deputado Bohn Gass (PT/RS), Moacyr Araújo, Eduardo Assad e Mercedes Bustamante.

Segundo o Assessor Técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Nelson Ananias Filho, a agricultura e a pecuária são as atividades que mais sofrem o impacto das mudanças climáticas e por esse motivo o investimento em estudos e pesquisas na área, para garantir a mitigação dos impactos, é de extrema importância.

A Docente do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (UnB) Mercedes Bustamante explicou que mantendo-se a diminuição do desmatamento que o Brasil vem apresentando, deve ser viável se alcançar os compromissos de mitigação voluntários fixados pelo Governo Brasileiro para 2020. Entretanto, segundo Bustamante, após essa data serão necessárias medidas adicionais devido à tendência de aumento de queima de combustíveis fósseis no país.

Para o Docente do Centro de Meteorologia da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) Luiz Carlos Molion, o PBMC não faz previsões, pois utiliza modelos fictícios e, logo, obtém resultados fictícios. Molion afirmou que, por esse motivo, não se basearia nos resultados da pesquisa para o planejamento agropecuário. Ainda de acordo com o docente, haverá uma mudança climática global, porém, diferente do aquecimento avaliado pelo PBMC. Segundo Molion, o clima do globo deverá resfriar-se por conta de uma baixa atividade do Sol que irá durar até o ano de 2032.

O Pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) Gilvan Sampaio de Oliveira explicou que modelos são ferramentas, mas que as respostas são obtidas através de dados observados. Por meio de tais dados, o pesquisador exemplificou que a temperatura global tem aumentado e, além disso, as chuvas tem se intensificado. Segundo ele, cada setor, como a saúde e a agropecuária, por exemplo, pode utilizar as projeções climáticas para fazer adaptações e planejamentos.

Segundo o Pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária Eduardo Assad, o PBMC foi criado com o objetivo de compilar e sistematizar informações técnico-científicas disponíveis sobre mudanças climáticas relevantes no país e que as pesquisas apresentam resultados, não opiniões. Eduardo Assad afirmou que, de acordo com as pesquisas realizadas, as secas serão mais frequentes em algumas regiões do Brasil, enquanto outras enfrentarão mais enchentes e, segundo ele, a população desassistida é quem mais sofre com as mudanças climáticas uma vez que não se dá atenção a essa questão.

O pesquisador ainda afirmou que os impactos físicos, biológicos e humanos associados às mudanças do clima deverão variar de acordo com as características das regiões brasileiras e que, portanto, o entendimento das mudanças climáticas regionais é essencial para o planejamento estratégico de uma resposta nacional adequada.

O Docente da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Moacyr Araújo reafirmou a questão do aquecimento e registrou que há cerca de 40 anos os oceanos absorvem a cada segundo uma energia equivalente a três bombas iguais a lançada em Hiroshima, durante a Segunda Guerra Mundial.

Da Assessoria da Comissão

Por Marina Corrêa