Educação digital e escolas do legislativo são temas de debate no Seminário de Educação Legislativa

No último dia de evento, representantes de escolas legislativas refletem sobre os desafios e as demandas da era digital.
23/09/2022 18h00

Educação digital e escolas do legislativo são temas de debate no Seminário de Educação Legislativa

Seminário de Educação Legislativa

Nesta sexta-feira (23), o Centro de Formação, Treinamento e Aperfeiçoamento encerrou o Seminário de Educação Legislativa com duas mesas temáticas que abordaram os desafios para o futuro, refletindo sobre as perspectivas tanto para as escolas do legislativo como para a educação digital no serviço público. 

O debate “Educação digital no serviço público: experiências, desafios e tendências", moderado por Márcio Martins - diretor da Coordenação de Tecnologia Educacional e Comunicação na Câmara dos Deputados - reuniu representantes de diferentes escolas de governo com o intuito de discutir sobre como as instituições têm incorporado as novas tecnologias e as diferentes demandas da era digital. 

Paulo Marques, Diretor de Desenvolvimento Profissional da Escola Nacional de Administração Pública (ENAP), destacou a importância do desenvolvimento de ações educacionais mais específicas para treinar os servidores no uso de diferentes ferramentas compartilhadas e on-line. “Não cabe mais na escola não existir um diálogo entre o presencial e o virtual”, explicou. 

A dificuldade de adaptação das diferentes gerações para o trabalho remoto e utilização das novas tecnologias é outro desafio que deve ser encarado pelas escolas do legislativo, segundo Cláudio Cunha, chefe do Serviço de Educação a Distância do Instituto Legislativo Brasileiro. De acordo com o especialista, é necessário desenvolver ações de capacitação sensibilizadas que atendam as necessidades do público que ainda não se adaptou à cultura digital. 

Para Ana Paixão, gerente nacional da Universidade Caixa, um elemento essencial na aprendizagem organizacional é a Gestão do Conhecimento, que se refere à uma construção que deve ser coletiva. “Não precisa vir da instituição a informação que será disseminada. Você, trabalhando no seu dia a dia, tem o que ensinar. A gestão do conhecimento parte do princípio de que cada um é responsável por aprender o conteúdo mas também de ensinar”, explicou.

Mesa de encerramento

A mesa de encerramento “Tendências, desafios e perspectivas das Escolas do Legislativo” contou com a participação de Ana Cristina Melo de Pontes Botelho, Diretora-Geral do Instituto Serzedello Corrêa; Florian Augusto Coutinho Madruga, presidente da Associação Brasileira das Escolas do Legislativo e de Contas; Leonardo Augusto de Andrade Barbosa, Diretor do Instituto Legislativo Brasileiro e Ruth Schmitz de Castro, Gerente-Geral da Escola do Legislativo da ALMG. 

A conversa, moderada pelo diretor do Cefor Nelson Gomes dos Santos Filho, abordou os principais obstáculos enfrentados pelas escolas do legislativo: redução do quadro de servidores, limitações orçamentárias, demandas de um mundo digital, a necessidade de engajamento da sociedade, além da dificuldade de mensurar o impacto das ações das escolas de governo. 

Para Ana Cristina, é preciso preparar servidores e gestores para lidar com um mundo de transformações digitais. A diretora contou que em 2022 foram desenvolvidos cursos com os servidores do Tribunal de Contas da União sobre como trabalhar com resolução de problemas e com base de dados, além de aprimorar a comunicação e trabalho em equipe. 

“Também estamos sempre em conversas com a Secretaria de Gestão de pessoas para preparar os servidores para além dessa questão de metodologias ágeis, também estarem preparados psicologicamente para trabalhar nesse novo contexto”, complementou. 

Para a pesquisadora Ruth Schmitz, esse conhecimento deve ser construído em coletividade, como forma de lidar com a escassez de recursos financeiros. “Hoje vivemos em um mundo que todo mundo tem o que ensinar. E esses saberes não podem ser ignorados”, destacou.   

Outro desafio, apontado por Leonardo Augusto, é equilibrar as demandas internas das instituições, relacionadas à formação interdisciplinar dos servidores, com as demandas externas da sociedade. 

“Quando a gente fala em educação para cidadania, a gente também está falando que as escolas transmitem um pouco da cultura e do trabalho que é realizado dentro das casas legislativas para quem está fora. Você vai ver que reverbera o trabalho no parlamentar e torna o trabalho da casa legislativa mais acessível”.   

Complementando a reflexão, o professor Florian Madruga destacou a responsabilidade das escolas do legislativo na disseminação dos conhecimentos sobre o parlamento.  

Segundo o pesquisador, é necessário abrir as portas do Legislativo para a sociedade. “Minha grande missão é fazer com que o poder legislativo seja respeitado pelo cidadão”, concluiu. 

Ao final do bate-papo, o diretor do Cefor aproveitou a oportunidade para homenagear as instituições convidadas, repassando aos seus representantes certificados de agradecimento à contribuição das escolas do legislativo na trajetória de 25 anos do Centro de Formação, Treinamento e Aperfeiçoamento da Câmara dos Deputados.