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Reportagem Especial

Ensino médio pode sofrer mudanças para melhorar qualidade e evitar evasão escolar

10/03/2014 - 09h07

  • Ensino médio pode sofrer mudanças para melhorar qualidade e evitar evasão escolar (bloco 1)

  • Formação profissional é destaque entre propostas de mudanças no ensino médio (bloco 2)

  • Deputados defendem mudanças no currículo e ensino integral no ensino médio (bloco 3)

Apenas 12% dos alunos que concluem o ensino médio vão para a faculdade. O ensino médio - que tem 7 milhões de alunos matriculados - enfrenta outro problema: a falta de 170 mil professores na rede pública. Uma comissão especial da Câmara estudou o assunto e apresentou um relatório com sugestões para mudar o ensino médio. Este é o tema da Reportagem Especial desta semana, com Karla Alessandra.

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VT PERSPECTIVA Ensino Médio
Ensino integral e grade curricular flexível são opções em análise

Desinteressante, sem objetivo definido e sem utilidade para mais de 80% de seus alunos, o ensino médio brasileiro passa atualmente por uma crise de identidade.

Na tentativa de solucionar as distorções encontradas atualmente existem algumas opções: educação em tempo integral, melhoria no ensino profissionalizante e uma grade curricular flexível.

Durante o ano de 2013, uma comissão especial da Câmara estudou o problema e apresentou um relatório com sugestões para mudar o ensino médio.

O relator da Comissão, deputado Wilson Filho, do PTB da Paraíba, destacou que apenas 12% dos alunos que concluem o ensino médio cursam o ensino superior.

"Doze por cento vão para o ensino superior, 88% não vão. Para esses 88%, para que serviu o ensino médio? Eles não usam o ensino médio para nada. Se nem para os 88% serve, nem para os 12% serve, dá 100%, não serve para ninguém. Então é esse o ensino médio atual. Então nós temos que retormar a atenção, fazer com que o estudante passe a ter novamente interesse no ensino médio e aí sim nós estaremos no caminho certo."

Evasão escolar

A presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, UBES, Manuela Braga, destacou que a falta de interesse dos alunos se reflete na evasão escolar.

"Uma evasão na verdade de 10% nessa etapa da da educação. E os que permanecem no ensino médio não conseguem se identificar, tem uma falta de identidade muito grande. Porque ele sai do ensino médio, ele não está preparado para a vida, ele não está preparado para o mercado de trabalho. A maioria dos estudantes que saem do ensino médio lêem uma redação do Enem e não conseguem interpretar, não conseguem trabalhar em cima dessa redação."

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ENSINO MEDIO 2
Governo oferece estímulos para alunos que se interessarem pelo magistério

Outro problema do Ensino Médio é a falta de 170 mil professores na rede pública, principalmente nas áreas de química, física, biologia e matemática. Na tentativa de estimular os jovens a seguirem a carreira de magistério, o Ministério da Educação lançou um programa que concede bolsas para os estudantes do ensino médio que demonstrarem interesse por essas áreas do conhecimento.

O ex-ministro da educação, Aloízio Mercadante, explicou que o programa será voltado principalmente aos estudantes do programa Ensino Médio Inovador, que tem jornada de ensino ampliada. A ideia é que as atividades sejam consolidadas nas três horas do contraturno. Alunos matriculados nos anos finais do ensino fundamental que se destaquem também poderão participar. Terão prioridade ainda estudantes premiados em olimpíadas científicas.

"Nós estamos dando 40 mil bolsas, vamos chegar a 100 mil para os estudantes de matemática, física, química e biologia que querem fazer ciências e querem ser professores."

Os estudantes vão participar de atividades de monitoria, pesquisa científica e tecnológica. Os bolsistas, que vão receber R$ 150 por mês, vão ter orientação e supervisão de professores e estudantes universitários que já recebem bolsas de estímulo à pesquisa. A seleção dos bolsistas será feita pelas secretarias estaduais de Educação e por universidades.

Qualidade é desafio

Nos últimos 20 anos, cinco milhões de jovens ingressaram no ensino médio. Agora o desafio é oferecer uma educação atrativa e de qualidade. Para o presidente do INEP, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, Luiz Cláudio Costa, o país está avançando, mas quando se trata de educação os resultados só são percebidos depois de alguns anos.

"O Brasil vem fazendo inclusão e o mesmo tempo melhorando a qualidade. É por isso que quando a gente olha o filme o Brasil está muito vem avaliado. Não existe no mundo história como a nossa de você ter essa inclusão em tão curto espaço ao mesmo tempo em que você consegue fazer esse controle de qualidade, mas com coragem de avaliar e discutir com a sociedade, sem esconder que aqui estamos com dificuldade, isso é muito bom para o país."

O Brasil tem atualmente sete milhões de alunos matriculados no ensino médio.

A formação técnica pode tornar o ensino médio mais atraente? Confira, no próximo capítulo da série especial.

Da Rádio Câmara, de Brasília, Karla Alessandra

A abordagem em profundidade de temas relacionados ao dia a dia da sociedade e do Congresso Nacional.

De segunda a sexta, às 3h, 7h20 e 23h