12/11/2018 13:40 - Educação
Radioagência
Câmara aprova projeto que garante acompanhamento integral a crianças e adolescentes com transtornos de aprendizagem
A servidora pública Carlla Barbosa Lima tem três filhos: uma menina e dois meninos. Os dois garotos, de seis e doze anos, têm TDAH: Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade.
Segundo a Associação Brasileira de Déficit de Atenção, o TDAH é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Os sintomas são desatenção, inquietude e impulsividade. É o transtorno mais comum em crianças e adolescentes encaminhados para serviços especializados: ocorre em 3 a 5 por cento das crianças.
Carlla conta um pouco das dificuldades de ser mãe de crianças com o transtorno:
"É muito difícil para nós, pais, que têm crianças com TDAH. A gente sofre muito, vamos dizer, não sei se é preconceito que fala, quando a gente sai com as nossas crianças. É tão difícil de controlá-las. As pessoas não sabem o que a criança tem, e aí julgam a gente, fala que a gente não impõe limites e tudo mais. Então a gente sofre demais. Sofre em casa, na rua, na escola, porque as crianças não acompanham."
Isso sem contar no custo financeiro. Segundo Carlla, tem consulta que chega a custar 700 reais. Acompanhamento com psicopedagogo, 120 reais por sessão. Quatro sessões por mês custam quase 500 reais.
Uma proposta aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara obriga o Estado a manter programa de acompanhamento integral de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, de dislexia, ou qualquer outro transtorno de aprendizagem para estudantes do ensino básico (PL 7081/10).
De acordo com a Associação Brasileira de Dislexia, a dislexia é um transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica, caracterizada por dificuldade no reconhecimento preciso ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração.
Segundo o projeto, o acompanhamento integral compreende identificação precoce, encaminhamento para diagnóstico, apoio educacional na rede de ensino e apoio terapêutico especializado na rede de saúde.
O relator, deputado Rubens Bueno, do PPS do Paraná, ressaltou que a proposta, do Senado, está em análise pelos congressistas desde 2008:
"Tudo iniciou há mais de dez anos, mostrando a preocupação com aqueles que sofrem de dislexia, transtorno de déficit de atenção com hiperatividade, e com isso estamos buscando aqui aprovar e com isso dar a nossa contribuição para resolver algo tão grave por equipes multidisciplinares que ajudem no processo dessas pessoas que precisam de assistência pública."
Como a proposta sofreu alterações na Câmara, deve retornar para mais uma votação pelo Senado.