23/05/2018 13:39 - Agropecuária
Radioagência
Produtores de tabaco cobram posição do governo em convenção internacional sobre o tema
Representantes da cadeia produtiva do fumo e prefeitos de municípios plantadores de tabaco lotaram o auditório Freitas Nobre, aqui na Câmara, para cobrar a posição que o governo vai levar para a 8ª Conferência da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco, em outubro, na Suíça. As reclamações de prefeitos e produtores são de que eles não são chamados para as discussões prévias aos encontros internacionais, nunca sabem antecipadamente qual é a posição brasileira e que chegam a ser barrados quando viajam para participar das conferências, como teria acontecido na Índia, em 2016.
Eles apresentaram os números do tabaco no Brasil: 40 mil empregos diretos e 619 municípios que dependem desta fonte de renda, principalmente no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Segundo o presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco, Iro Schünke, o fumo gerou R$ 6 bilhões em receitas no ano passado:
"Nós estamos falando de um produto que o Brasil exporta 90% e que se nós pararmos de produzir aqui no país, alguém vai produzir. Se houver demanda, vai ter produção. Então, o que nós precisamos é efetivamente continuar defendendo aqui no Brasil a produção, o processo, a exportação, que traz todos esses resultados."
A secretária-executiva da Comissão Nacional para a Implementação da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco, Tania Cavalcanti, explicou que os temas para o encontro da Suíça, chamado de Cop 8, serão definidos em agosto. Segundo ela, só a partir daí o governo brasileiro pode divulgar sua posição oficial sobre cada item. Uma das discussões deve ser sobre um protocolo de combate ao mercado ilegal de cigarros. Tania Cavalcanti avalia que o fato de 90% da produção de tabaco ser exportada pode tornar o agricultor uma vítima desse processo:
"Ele é seduzido para produzir tabaco com a ideia de que essa produção vai gerar riqueza. E pode até em algumas situações gerar bem-estar e riqueza, mas não é isso o que a gente vê na maior parte dos casos."
Tania Cavalcanti acrescentou que é preciso investir na diversificação de culturas para diminuir a dependência dos agricultores da produção de tabaco. Diante das explicações dos integrantes do poder Executivo, o deputado Alceu Moreira, do MDB gaúcho, que pediu a audiência, sugeriu acompanhar uma comissão de prefeitos a vários ministérios para sensibilizar o governo sobre a cadeia produtiva do tabaco. Ele reiterou a importância de separar o combate ao tabagismo da produção brasileira de fumo:
"Ninguém desconhece as doenças do cigarro, ninguém incentiva a fumar, mas criminalizar quem produz tabaco é uma grande injustiça."
Falando em nome dos municípios produtores de fumo, o prefeito de Venâncio Aires, Giovane Wickert, sugeriu uma reunião, no mês de junho, com os integrantes da Comissão Nacional para o Controle do Tabaco. Ele reivindicou que um representante dos prefeitos tenha uma credencial de observador durante a conferência de outubro, na Suíça.