Radioagência

Audiência pública na Câmara vai debater, na quarta-feira (13), a situação da água no Brasil e no mundo. A Comissão de Legislação Participativa vai reunir especialistas sobre o tema, com foco nos fóruns mundiais previstos para 2018. O primeiro deles, Fórum Mundial da Água, acontecerá em Brasília, em março.

Ao solicitar a audiência, o deputado Glauber Braga, do Psol do Rio de Janeiro, argumentou que esse fórum é organizado pelo Conselho Mundial da Água, onde há representantes de grandes corporações e setores de governos que pensam a água em uma "lógica de commodity e objeto de lucro". Paralelamente, será realizado o Fórum Alternativo Mundial da Água, no qual os movimentos sociais e setores ambientalistas e acadêmicos vão defender a água como "direito fundamental dos povos e da natureza". Coautor do requerimento de audiência pública, o deputado Chico Lopes, do PCdoB do Ceará, afirma que o debate é fundamental, sobretudo em tempos de crise hídrica:

"Eu vi carro-pipa no interior para não deixar os animais morrerem de sede nem a gente. Vi também venderem uma lata d'água muito cara. E passo nos açudes do meu Ceará e os vejo no volume morto. Sem a transposição do rio São Francisco, o Ceará vai continuar sempre nessa dificuldade. Antigamente, pegava-se o navio para o Rio de Janeiro ou o pau-de-arara para ir a São Paulo. Nós estamos com essa dificuldade."

A audiência terá representantes dos fóruns oficial e alternativo, como integrantes da ANA e da ADASA, as agências reguladoras nacional e distrital de água; da Frente Povo Sem Medo; do sindicato dos trabalhadores na indústria de água; e da Associação dos Povos Indígenas do Brasil. Os deputados temem pelo que chamam de "interesses privatistas" das multinacionais em torno da maior reserva de água doce do mundo, englobando os aquíferos Guarani e Alter do Chão.