10/11/2017 15:53 - Economia
Radioagência
Pesquisadores e Governo apontam necessidade de retomar papel da indústria na economia do País
Pesquisadores, representantes do governo e da indústria foram unânimes em apontar, em seminário na Câmara (nesta terça-feira, 7), a necessidade de retomar o papel da indústria no crescimento econômico do País. Houve, porém, visões diferentes sobre como o Estado deve atuar para mudar o cenário de queda do setor.
O seminário, promovido pela Comissão de Trabalho, debateu os desafios para a reindustrialização nacional.
Segundo o presidente do colegiado, deputado Orlando Silva, do PCdoB paulista, a indústria de transformação tem um peso no Produto Interno Bruto (PIB) equivalente aos anos 40 e 50. A participação do setor no PIB brasileiro chegou, no acumulado do segundo trimestre deste ano, a menos de 10%. O declínio vem desde a década de 1980.
Segundo o gerente-executivo de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, a indústria brasileira é hoje menos da metade do que foi há três décadas.
"Insistir em algum modelo que replique o aumento de custos, ou seja, não melhorar o ambiente de negócios, não melhorar a regulação, não melhorar a legislação das relações de trabalho, não melhorar a infraestrutura. E, no caso da infraestrutura, através da participação do capital privado, porque o Estado não tem recursos. O tamanho do déficit fiscal é colossal."
Castelo Branco culpou o chamado Custo Brasil - com itens como infraestrutura deficitária, insegurança jurídica e burocracia - pela dificuldade do setor em sair do declínio.
Já o professor de economia política da Universidade de São Paulo (USP) Gilberto Bercovici afirmou que o Brasil precisa renacionalizar sua indústria com ênfase nos setores de maior valor agregado e intensidade tecnológica para retomar o processo de desenvolvimento.
"Não se faz política industrial destruindo o setor elétrico brasileiro, não se faz política industrial destruindo a Petrobras; não se faz política industrial destruindo todo o parque energético, todo o parque de insumos básicos do Brasil, como vem sendo feito ultimamente nos últimos anos."
De acordo com Bercovici, os países com indústria mais avançada, como Estados Unidos, China e Alemanha, têm o controle das fontes de matéria-prima como estratégico para o processo industrial.
Já para o diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) Carlos da Costa, o Estado deve atuar sem uma participação tão intensa sobre cada ramo da economia.
"Precisamos do Estado como orquestrador. Aí é que eu acho que é o novo modelo de atuação do Estado. Não é mais o Estado que o que as empresas e as pessoas tem que fazer. Isso é coisa do passado. É trazer as várias partes para a mesa e ajudar o mundo a tomar questões complexas.
O BNDES formou um grupo de estudo para definir uma agenda de desenvolvimento para o País. Costa citou alguns pontos essenciais para a retomada da indústria, como ambiente macroeconômico estável, simplificação do sistema tributário e institucionalização de marcos regulatórios.