10/08/2017 18:52 - Agropecuária
Radioagência
Especialistas e deputados apontam dificuldades para difusão de tecnologias na agricultura
Agricultura de precisão é o nome que se dá ao modo de produção que envolve o uso de tecnologia como GPS, tratores com sensores e análise de imagens obtidas por satélite ou por drones no campo para aumentar a produtividade e o lucro.
Essas ferramentas são capazes de detectar, dentro da mesma lavoura, áreas com índices de produtividade diferentes, o que facilita a correção do solo e o uso de insumos de maneira precisa.
Mas especialistas e deputados que participaram de uma audiência pública da Comissão de Agricultura da Câmara sobre o assunto apontaram dificuldades para a difusão dessas tecnologias.
As principais são o custo, a formação da mão-de-obra e a pouca cobertura de banda larga no país.
O deputado Valdir Colatto, do PMDB de Santa Catarina, manifestou preocupação em relação à formação do trabalhador rural.
"Eu tenho muita preocupação com isso: como é que nós poderíamos trazer esse processo para dentro de uma mão de obra caótica no campo? Que é difícil, complicado, quem já trabalha com agricultura sabe disso".
O deputado Heitor Schuch, do PSB do Rio Grande do Sul, apontou a deficiência na cobertura da internet como outro empecilho.
"Como é que a gente consegue fazer com que essas tecnologias, esses conhecimentos, cheguem lá na pontinha, lá onde não tem internet, onde o celular não pega. Aliás, nós temos lugares lá no Rio Grande do Sul que nem gripe pega".
Especialistas ouvidos pela comissão sugeriram uma parceria de órgãos como o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, o Senar, e universidades para desenvolver tecnologia nacional e formar mão-de-obra qualificada para operar essas ferramentas.
É o que defendeu Márcio Moreira, presidente da Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão, órgão ligado ao Ministério da Agricultura.
"Tecnologia de agricultura de precisão desenvolvida nas melhores instituições do hemisfério norte, se nós trouxermos para o Brasil exatamente igual, ela simplesmente não vai funcionar. Nós vamos ter que, por nós mesmos, desenvolver tecnologias de agricultura de precisão adequadas às condições brasileiras. Há uma necessidade grande da gente desenvolver tecnologia nacional ou adaptar algumas tecnologias que venham do hemisfério norte para as condições brasileiras."
A deputada Tereza Cristina, do PSB do Mato Grosso do Sul, uma das autoras do pedido de realização da audiência pública, foi na mesma linha e defendeu mais investimentos na área de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia.
"Sabendo da responsabilidade do Brasil, que daqui a 40 anos, daqui a 30 anos, tem que alimentar 40% do mundo. E serão com essas tecnologias, com o avanço dessas tecnologias é que o Brasil vai poder cumprir esse papel de maneira eficiente. Não tenho dúvida da nossa necessidade de perseguir investimentos em P & D".
Não existem estatísticas a respeito do uso de tecnologia no campo no país, mas dados da Associação Brasileira de Agricultura de Precisão indicam que 15% dos produtores de grãos usam algum tipo de ferramenta tecnológica.