Radioagência

Na primeira parte do Curso de Legislação Ambiental promovido pela Câmara nesta segunda-feira (5), os palestrantes reafirmaram a importância dos acordos internacionais sobre mudanças climáticas. Como se sabe, o Acordo de Paris vem sendo questionado agora pelos Estados Unidos.

Roseli Ganem, consultora legislativa da Câmara, disse que um estudo feito entre os anos de 1991 a 2010 revelou a ocorrência de quase 32 mil desastres relacionados ao clima no Brasil naquele período, afetando 96 milhões de pessoas. Ela afirmou que o Brasil é o segundo país em ocorrência de tornados, abaixo apenas dos Estados Unidos. A consultora defendeu meta zero de desmatamento para o Brasil; pois, segundo ela, o país já tem terra suficiente para a produção de alimentos.

O consultor legislativo Henrique Leite lembrou que a maior parte das emissões de gases de efeito estufa no Brasil vem do desmatamento, ou 43% do total. Outros 23% vêm da pecuária. E afirmou que os eventos extremos relacionados ao clima vêm aumentando:

"Queimadas, secas, inundações. Então o Brasil está vivendo aqui na região do São Francisco há sete anos uma coisa completamente anormal: cada ano é o ano de maior seca dos últimos 50 anos. Isso era para ter uma periodicidade. A seca era um fenômeno periódico no Brasil, não é mais. Então os extremos climáticos estão ficando irregulares e imprevisíveis. Cada vez mais próximos, cada vez mais intensos".

Henrique Leite lembrou que um dos maiores céticos sobre a questão das mudanças climáticas, o físico ganhador do prêmio Nobel Richard Muller, acabou reconhecendo seu erro ao fazer um criterioso estudo sobre a evolução dos dados passados. Ou seja, sem tentar fazer predições sobre o aumento da temperatura na terra.