28/03/2016 21:24 - Direitos Humanos
Radioagência
Sessão solene na Câmara marca luta pelo fim da discriminação racial
O Plenário da Câmara dos Deputados comemorou nesta segunda-feira (28) o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial. A data foi criada em 21 de março de 1960, em memória do "massacre de Shaperville", quando tropas militares do Apartheid mataram 69 pessoas e feriram diversas outras durante protestos em Joanesburgo, na África do Sul, contra a "lei do passe", que limitava os locais por onde negros podiam circular dentro da cidade.
Presente à solenidade, que foi sugerida pelo deputado Vicentinho (PT-SP), a ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Nilma Lino Gomes, destacou que os marcos históricos são importantes para gerar reflexão sobre avanços e retrocessos na história. A ministra destacou ainda a incorporação recente ao ministério do tema da juventude e lamentou os números da violência praticada contra os jovens no Brasil, ressaltando a diferença das taxas de homicídio de jovens brancos e negros.
"Mas o que eu acho importante repararmos é a distância entre negros e brancos. Aquilo precisa ser diminuído. Nós precisamos reduzir a taxa de homicídios no Brasil e principal em relação aos jovens negros, que são aqueles que mais sofrem. E temos uma taxa de vitimização negra extremamente grave."
Representando o movimento Negra Sim, Sônia Maria de Souza Raimundo também comentou as mortes de jovens negros no País, comparando essa situação com uma espécie de aborto tardio.
"Saúdo as mulheres negras e mulheres velhas, que sofrem muito mais quando ela não tem o direito ao aborto, porque essa Casa discute o aborto quando é pra nos respeitar e aí nós criamos um filho e quando chega a 20 anos e aí eles são abortados. Então nós morremos duas vezes."
O deputado Vicentinho (PT-SP) aproveitou a cerimônia para defender a importância do Hino à Negritude, que se transformou em hino oficial do País a partir de projeto de lei proposto por ele. O parlamentar criticou a fala de Fernando Holiday, um dos coordenadores do Movimento Brasil Livre, que criticou o hino na semana passada, em debate na Câmara, dizendo que é um hino de segregação.
"Lamentavelmente, na semana passada cometeram um crime daquele palanque. Pra nossa tristeza um jovem negro pegou um hino e amassou o hino. Você está traindo a nossa raça."
Por fim, Vicentinho propôs um minuto de silêncio em nome de todos os pais e mães que perderam seus filhos por conta da violência e, em seguida, um minuto de palmas pelas conquistas obtidas com a luta pelas causas raciais.
O deputado também destacou projetos ligados à causa da igualdade de raças, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 115/15, de sua autoria, que cria o Fundo de Promoção da Igualdade Racial.