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Plínio de Arruda Sampaio relembra golpe de 64 e cassação de mandatos parlamentares

10/04/2014 - 09h33

  • Plínio de Arruda Sampaio relembra golpe de 64 e cassação de mandatos parlamentares

A Câmara realiza logo mais, às 11h, um ato público em homenagem aos 41 deputados federais cassados pelos atos institucionais 01 e 02, assinados no dia 10 de abril de 1964, pelo comando da então recém-instalada ditadura civil-militar. O evento é promovido pela Subcomissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça, da Comissão de Direitos Humanos.

A homenagem aos deputados federais atingidos pelos primeiros atos do regime de exceção faz parte das comemorações ao Ano Nacional da Memória, Verdade e Justiça, proclamado em ato assinado pelo presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves. Quem fala sobre essa homenagem é o ex-deputado cassado pelo regime militar em 64, Plínio de Arruda Sampaio.

Ele relembra a situação do país no período que antecedeu a ação militar e revela que a crise econômica, a inflação alta e o clima de insegurança vigentes à época o levaram a intuir sobre o golpe. As cassações no Congresso, ainda em 1964, também foram marcadas por momentos tensos, segundo o ex-parlamentar: "Foi de uma violência brutal, a troca de desaforos entre os deputados.. todo mundo com revólver na cinta. Foi uma coisa violentíssima. Não sei como não saiu uma morte naquela noite."

Ao avaliar o presente, Plínio diz que o Brasil de hoje ainda não é perfeitamente democrático em função das desigualdades sociais. Mas reconhece os avanços, especialmente em comparação ao período de ditadura. E apesar de favorável à revisão da Lei de Anistia, não vê na sociedade pressão suficiente para que isso aconteça. O ex-deputado fala ainda sobre as recentes manifestações e se diz contrário à criação de leis específicas para coibir abusos nos protestos.

Wikipedia
Plínio de Arruda Sampaio
Plínio de Arruda Sampaio será homenageado hoje na Câmara 

"As gerações novas precisam saber o que aconteceu. A democracia só se mantém se o povo estiver alerta e vigilante, se o povo souber que ela é objeto de ataques, que não há nenhuma segurança de que a democracia permaneça sempre. Ela permanece se o povo a defender. E para que o povo a defenda bem, é preciso que ele conheça os ataques, quem eles atingiram. Tudo isso faz parte dessa memória coletiva que garante a democracia." 

Apresentação: Ana Raquel Macedo e Elisabel Ferriche

Programa ao vivo com reportagens, entrevistas sobre temas relacionados à Câmara dos Deputados, e o que vai ser destaque durante a semana.