Política e Administração Pública

Banco dos EUA diz que busca acordo com Postalis sobre investimentos prejudiciais

18/02/2016 - 19:44   •   Atualizado em 19/02/2016 - 09:41

Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar indícios de aplicação incorreta dos recursos e de manipulação na gestão de fundos de previdência complementar de funcionários de estatais e servidores públicos, ocorridas entre 2003 e 2015, e que causaram prejuízos vultosos aos seus participantes. Presidente para América Latina e CEO no Brasil do Banco BNY MELLON, Eduardo Adriano Koelle
Eduardo Adriano Koelle disse que espera uma contraproposta do fundo de pensão dos Correiros, Postalis

O presidente para América Latina e CEO no Brasil do banco BNY Mellon, Eduardo Adriano Koelle, disse nesta quinta-feira (18), em depoimento à CPI dos Fundos de Pensão, que o fundo de pensão dos Correios Postalis recusou em janeiro uma tentativa de acordo para reaver os recursos perdidos com investimentos prejudiciais. O banco norte-americano aguarda uma contraproposta.

Em 2015, o BNY teve R$ 250 milhões retidos pela Justiça para garantir perdas do Postalis. O fundo de pensão pretendia aplicar recursos em títulos da dívida externa brasileira, mas, em 2011, esses papéis foram trocados por bônus argentinos e venezuelanos. O negócio causou prejuízo de R$ 190 milhões.

Segundo Koelle, o BNY nega qualquer envolvimento, alegando que as decisões de investimento cabem ao gestor, o Postalis, e não ao banco, que administrava os recursos. “O BNY era apenas o fiduciário desses investimentos. Não posso fazer julgamento sobre a estratégia de investimentos.”

Negligência
Em dezembro, a CPI dos Fundos de Pensão ouviu, em reunião reservada, dois ex-dirigentes do BNY Mellon. Eles apresentaram aos parlamentares uma carta, na qual relatam negligência do banco nos investimentos do Postalis.

Contradições
O relator da CPI, deputado Sergio Souza (PMDB-PR), apontou contradições entre Koelle e outras testemunhas ouvidas. Ele lembrou ainda que nos Estados Unidos o banco ressarciu prejuízos aos fundos de pensão, em um acordo de US$ 700 milhões, e pediu solução semelhante para o Postalis.

Vice-presidente da CPI, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) também defendeu a devolução de recursos ao Postalis. “Está claro como dia que houve fraude. Queremos que o mesmo procedimento adotado nos Estados Unidos ocorra aqui.”

Responsabilidade solidária
Para o presidente da CPI, Efraim Filho (DEM-PB), o BNY Mellon tem responsabilidade solidária. “Em vários negócios, o banco é gestor e não só administrador fiduciário.” Efraim Filho enfatizou, ainda, que houve omissão do banco em identificar fraudes.

“O ex-presidente do banco Zeca Oliveira esteve aqui e nos entregou documento público afirmando ter ocorrido erro operacional na operação que causou prejuízo ao Postalis, que poderia ter sido evitado se houvesse sido adotado critérios mais rigorosos de controle”, afirmou.

Outro lado
Em nota publicada após o depoimento, o Postalis nega que tenha havido proposta do banco ao fundo no mês de janeiro. Veja a íntegra:

"Sobre o depoimento do Sr. Eduardo Adriano Koele, presidente para América Latina e CEO no Brasil do Banco BNY MELLON, à CPI dos fundos de pensão esta manhã, o Postalis nega ter recebido qualquer proposta de acordo por parte do Mellon.
Todas as iniciativas para um possível acordo partiram do Postalis, tendo sido várias tentativas em 2014 e a última em agosto de 2015, quando diretores do Postalis e do BNY Mellon se reuniram em São Paulo. Na ocasião, os representantes do Postalis apresentaram, como base para um possível acordo, um levantamento do que o Instituto apurou como prejuízos acumulados em decorrência da falta de controle do BNY Mellon na administração dos recursos do Postalis até aquela época.
Diferentemente do que afirmou o Sr. Koele à CPI, após essa data, o Postalis nunca mais foi procurado pelo BNY Mellon.
O Postalis, como sempre esteve, continua aberto a negociação."

Reportagem – Geórgia Moraes
Edição – Newton Araújo

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