Política e Administração Pública

Eduardo Cunha discorda em parte do relatório da reforma política

Cunha discordou da proposta do mandato de cincos anos, mas defendeu o fim da reeleição para cargos do Executivo.

13/05/2015 - 17:39  

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, disse que discorda, em parte, do relatório da reforma política apresentado na terça-feira (12) na comissão especial que analisa o tema.

Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
Presidente da Câmara, dep. Eduardo Cunha (PMDB-RJ) concede entrevista
Cunha: a proposta tem pontos  inconstitucionais, não aplicáveis juridicamente, porque é sugerida uma eleição com mandato menor a partir de 2016.

O relatório, do deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), traz um texto alternativo às várias propostas de emenda à Constituição que tratam do assunto (PECs 182/07, 344/13, 352/13 e outras).

Cunha discordou da proposta do mandato de cincos anos, mas defendeu o fim da reeleição para cargos do Executivo. “Eu sou favorável à parte relatada por ele [Marcelo Castro]. Eu não sou favorável a mandatos de cinco anos. Sou favorável ao fim da reeleição, mas prefiro mandato de quatro anos”.

A comissão especial da reforma política marcou reuniões para quinta (14) e sexta-feira (15). A intenção é encerrar a discussão e a votação do texto até segunda-feira, quando termina o prazo de funcionamento da comissão.

Inconstitucionalidade
Segundo Cunha, além de alguns pontos que precisam de aprimoramentos, há uma proposta inconstitucional: “A proposta do Marcelo Castro não é aplicável juridicamente, porque ele propõe uma eleição [com mandato] menor a partir de 2016. Eu, particularmente, tenho uma opinião de que isso é inconstitucional. Ele pode propor uma eleição menor a partir de 2020”.

A eleição menor, a que se refere Cunha, trata-se da proposta de coincidência de mandatos. Marcelo Castro propõe mandatos de cinco anos, além de coincidência de eleições municipais, estaduais e gerais a partir das eleições de 2018. Para que isso ocorra, o pleito de 2016, para prefeito e vereador, terá mandato de dois anos. A reeleição seria abolida do País, com exceção dos candidatos a governador eleitos em 2014 e dos prefeitos eleitos em 2016.

Sobre propostas que alteram as regras de eleições de senadores, Cunha acredita que a Câmara deva deixar essa discussão com os próprios senadores. “Não devemos ‘alterar o Senado’, porque nossa ideia é decidir o que se refere aos deputados e os senadores decidirem o que é melhor para os senadores”.

Consenso mínimo
Cunha reafirmou que, em conjunto com os líderes partidários, decidirá na terça-feira (19) os procedimentos que deverão ser adotados com relação à reforma política. “A reforma política é muito importante para organizar, sim, o País. É importante até para darmos uma resposta à sociedade. Agora, eu sempre falei isso: reforma política é que nem Seleção Brasileira, cada um tem uma na sua cabeça”.

O presidente ressaltou ainda que se dedicará, integralmente, à articulação em torno do tema: “Vamos ver se a gente consegue chegar aqui, para votar, com algum consenso mínimo, pelo menos quanto à ordem e aos critérios de votação”.

Votação da MP 664/14
Eduardo Cunha disse que, provavelmente, não será possível concluir hoje (13) a votação da Medida Provisória 664/14. “Hoje a gente vai votar o principal, metade dos destaques hoje e amanhã a outra metade”.

A MP 664/14, que faz parte do pacote de ajuste fiscal enviado pelo Executivo, muda as regras de pensão por morte, impondo carências e tempo de recebimento conforme a faixa de idade do beneficiário. O texto que será discutido é o relatório da comissão mista, de autoria do deputado Carlos Zarattini (PT-SP).

Reconstrução da base
Cunha destacou a articulação política desempenhada pelo vice-presidente da República, Michel Temer: “Ele está tentando recompor uma base que tinha sido perdida. Ele está fazendo um bom trabalho. Vamos dar tempo a ele para tentar reconstruir essa base”.

Reportagem – Thyago Marcel
Edição – Regina Céli Assumpção

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