Política e Administração Pública

Invasão do Plenário por manifestantes suspendeu votações por meia hora

20/08/2013 - 19:50   •   Atualizado em 20/08/2013 - 23:55

Laycer Tomaz/Câmara dos Deputados
Manifestantes invadem o plenário da Câmara
Manifestantes pressionam pela votação da PEC 300 em segundo turno.

Policiais que defendem a votação da PEC 300 (criação de piso nacional para policiais e bombeiros) e manifestantes contrários e favoráveis aos vetos do projeto do ato médico invadiram o Plenário da Câmara durante a votação da Medida Provisória 614/13 por cerca de meia hora. Os policiais lideraram a invasão e foram seguidos pelos profissionais de saúde.

Os manifestantes pressionam pela votação em segundo turno da proposta (PECs 300/08 e 446/09), que ainda depende de votação em segundo turno. O texto foi aprovado em primeiro turno em 2010.

O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, condenou a invasão. "Desse jeito [com a invasão] não se conquista nem o respeito nem o voto do Plenário", disse. Ele ressaltou que já se reuniu com representantes dos policiais e pediu prazo até o dia 16 de setembro para chegar a um acordo sobre o tema. "Esse gesto impensado de uma minoria pode comprometer a maioria."

Outros deputados intercederam, e os manifestantes saíram do Plenário, mas permaneceram protestando no Salão Verde. O deputado Chico Alencar (Psol-RJ), que acalmou os invasores, disse que os policiais agiram "no desespero e na aflição", mas afirmou que o ato deixa lições aos deputados. "Esse protesto mexe conosco, com as nossas tradicionais enrolações. Precisamos reavaliar os nossos compromissos", disse. Ele lembrou que os deputados esperam há anos a votação em segundo turno da PEC.

O deputado Abelardo Lupion (DEM-PR) também condenou a invasão, mas defendeu o pleito dos policiais. "Todo presidente que assume faz o compromisso de votar, mas nunca se vota. Isso vai deixando o pessoal desesperado", disse.

Laycer Tomaz / Câmara dos Deputados
Manifestantes (contrários e favoráveis) ao Ato Médico se enfrentam no Salão Verde da Câmara
Protesto relacionado ao projeto do ato médico reúne grupos contra e a favor.

O líder da minoria, deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), também cobrou a votação da PEC. "Essa proposta não pode ficar na gaveta com medo do resultado. Não podemos ter medo de discutir os temas", disse.

Segundo a proposta, caberá ao Executivo estabelecer um piso nacional para policiais civis e militares e bombeiros militares. O texto também prevê a criação de um fundo para compensar os estados.

Governadores são contrários à PEC, que afetaria os orçamentos estaduais. Alguns manifestantes dizem que, se o piso não for votado, vão inviabilizar a realização da Copa do Mundo no próximo ano.

Outros protestos
Nesta terça-feira, a Câmara foi tomada por vários manifestantes com diferentes causas. Além dos policiais e dos profissionais de saúde contrários ou favoráveis ao ato médico, estiveram no Salão Verde produtores rurais contra os vetos da MP 610, que renegocia dívidas; e papiloscopistas que defendem a derrubada do veto ao projeto que elevou a categoria a perito. Eles tomaram o Salão Verde no início da tarde na expectativa de influenciar as votações.

Outro protesto no Salão Verde foi de integrantes da Associação Protetora dos Animais do DF, que reivindicaram o aumento de penas para quem maltrata animais.

Manifestantes querem penas mais duras para quem pratica crimes contra os animais

A invasão do Plenário por manifestantes foi a segunda ocorrida neste ano. No semestre passado, diversos índios tomaram o Plenário para cobrar o arquivamento de propostas que contrariam seus interesses, como a PEC 215, que transfere para o Congresso a palavra final sobre a demarcação das terras indígenas.

Reportagem – Carol Siqueira
Edição – Pierre Triboli

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