Política e Administração Pública

Deputados apostam em veto à redistribuição de royalties do petróleo

Maiores descontentes são os deputados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, estados que perderão o direito à compensação de perdas.

06/11/2012 - 22:56  

Renato Araújo
Sessão Deliberativa Extraordinária: novo texto apresentado pelo deputado Carlos Zarattini reduz, já a partir de 2013, o percentual que caberá aos municípios produtores em relação à versão inicial. Já os fundos de todos os estados e municípios vão atingir 14% do distribuído em 2017, dois anos antes do previsto originalmente
Zarattini: projeto do Senado não se sustenta juridicamente.

Após a derrota do relatório do deputado Carlos Zarattini (PT-SP) sobre a redistribuição dos royalties do petróleo e a aprovação do texto original do Senado (PL 2565/11), deputados já apostam em um veto presidencial.

“Esse projeto do Senado não se sustenta juridicamente, é um projeto que não tem futuro. Quem acha que ganhou com isso, vai logo mais perceber que não virou nada”, disse Zarattini. Ele lembrou que algumas tabelas do projeto aprovado somam 101% de royalties, por exemplo.

Apesar de ser polêmico, o texto de Zarattini tinha mais simpatia do governo e dos estados e municípios produtores, mas foi derrotado.

Até mesmo quem votou em favor da versão do Senado já tem o veto como certo. É o caso do deputado Silvio Costa (PTB-PE). “Se a Dilma vetar, e a informação que temos é de que ela vai vetar, nós vamos reabrir o diálogo sobre os royalties no Congresso”, disse.

Os maiores descontentes com a decisão do Plenário são os deputados dos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo que, com a redação do Senado, perdem o direito a qualquer mecanismo que compense as perdas desses estados com a redistribuição das riquezas do petróleo. “Ou a presidente veta ou será a falência do Rio de Janeiro”, disse o deputado Anthony Garotinho (PR-RJ).

Pacto federativo
A deputada Rose de Freitas (PMDB-ES), 1ª vice-presidente da Câmara, caracterizou o texto aprovado como “desagregador”. “Ele destrói o Espírito Santo e o Rio de Janeiro, quebra o pacto federativo, e a presidente da República não vai admitir”, afirmou.

Renato Araújo
Sessão Deliberativa Extraordinária - Anthony Garotinho (PR-RJ)
Garotinho: “Ou a presidente veta ou será a falência do Rio de Janeiro”.

Já o deputado Alessandro Molon (PT-RJ) disse que, se não houver veto, haverá judicialização do tema. “Os estados e municípios produtores assumiram uma série de compromissos tendo em vista esse dinheiro arrecadado pelos royalties dos contratos atuais, que estão sendo violentados com essa decisão da Câmara. Por isso, certamente essa questão vai cair no Supremo Tribunal Federal.”

Municípios
A derrota do governo na votação desta terça-feira foi atribuída à pressão dos prefeitos, pois o texto do deputado Zarattini tinha percentuais menores de distribuição dos royalties para municípios não produtores de petróleo.

Para o líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), os deputados preferiram defender “os seus rincões” a defender “um projeto nacional”. “É legítimo, mas, para gerar empregos nos municípios, é preciso ter uma política econômica nacional”, disse.

O deputado Danilo Forte (PMDB-CE), que votou pelo projeto do Senado, disse que esse foi “um momento sublime” da Câmara dos Deputados. “A Câmara entendeu o pleito dos prefeitos, principalmente dos novos, que encontram a administração com problemas financeiros. Os prefeitos precisam pedir socorro ao governo federal para comprar ambulância por falta de autonomia financeira maior”, disse.

Educação
Com a derrota do texto de Zarattini, caiu ainda a previsão de que o dinheiro do petróleo seria aplicado, na sua maior parte, na educação. A proposta foi criticada pelos deputados, que defendem a autonomia de municípios e estados para definir como serão os gastos. “A eleição comprovou que a maior preocupação da população é com a saúde pública de qualidade, não com a educação”, comentou Danilo Forte.

Já o deputado José Guimarães (PT-CE), vice-líder do governo, disse que a educação vai sair perdendo. “O Brasil caminha para continuar sendo um país subdesenvolvido, já que não temos como fazer os investimentos em educação sem os royalties”, disse.

Reportagem - Carol Siqueira
Edição - Rachel Librelon

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