Economia

Agentes lotéricos cobram aumento de valores repassados pela Caixa Econômica Federal

Segundo a Associação dos Lotéricos de São Paulo e Interior, os últimos reajustes oferecidos pela Caixa não repõem a inflação e, atualmente, a instituição financeira deveria pagar R$ 0,72 por serviço bancário prestado pela lotérica, mas paga apenas R$ 0,58

29/06/2016 - 18:14  

Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Audiência pública das comissões de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços (CDEICS), de Finanças e Tributação (CFT) e de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) para discutir a defasagem dos valores repassados pela Caixa Econômica Federal aos agentes lotéricos
Agentes lotéricos participaram de audiência conjunta das comissões de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços; de Finanças e Tributação; e de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados

Cerca de dois mil agentes lotéricos cobraram da Caixa Econômica Federal, em debate na Câmara dos Deputados, um aumento de 23,39% nos repasses dos serviços bancários da instituição prestados pelos lotéricos.

O debate, promovido nesta quarta-feira (29) pelas comissões de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços; de Finanças e Tributação; e de Fiscalização Financeira e Controle, reuniu empresários do setor e de entidades representativas.

O presidente da Associação dos Lotéricos de São Paulo e Interior, José Manuel Gouveia, destacou que os últimos reajustes oferecidos pela Caixa não repõem a inflação. “Estamos perdendo dinheiro”.

Ele explicou que, atualmente, a Caixa deveria pagar R$ 0,72 por serviço bancário prestado pela lotérica, mas paga apenas R$ 0,58. Gouveia afirmou também que as agencias estão em situação financeira difícil e quase falindo.

A diretora de Comunicação da Associação dos Lotéricos de São Paulo e Interior, Adriana Domingues, reivindicou maior participação nas decisões da Caixa. “Queremos participar das negociações, e não receber determinações vindas da Caixa”, protestou.

Segurança
Ela também disse que a categoria exige que a Caixa se responsabilize pelos transportes de valores. “Recebemos dinheiro no balcão, levamos até uma agência e nesse caminho somos assaltados”, apontou.

Adriana Domingues afirmou que os lotéricos se sentem ameaçados ainda com as perspectivas de privatizações das loterias e com o projeto que legaliza os jogos de azar no Brasil. “Vai ser criado um novo tipo de apostas e porque nós não podemos ser contemplados de alguma forma?”, questionou.

De acordo com a empresária do ramo Maria Lúcia César da Silva, hoje não está valendo a pena ser dono de lotérica. "A dificuldade hoje é a segurança que não temos; o reajuste que está muito defasado. Temos que dispensar funcionário. Além disso, os municípios estão indo em cima da casa lotérica por causa da lei da fila, e não tem como a gente cobrir isso”, disse.

Outro lado
Para o Superintendente Nacional de Operações de Varejo da Caixa Econômica Federal, Cleverson Tadeu Santos, a Caixa está sempre aberta a negociar. Ele disse que o banco tem feito investimentos nas lotéricas e que o objetivo é viabilizar mais serviços bancários nas lotéricas. “A ideia é ampliar o faturamento e a gama de serviços”, afirmou.

O deputado Valtenir Pereira (PMDB-MT), um dos proponentes do debate, afirmou que as loterias são o banco da cidadania por realizarem pagamentos e benefícios sociais.

"Na verdade, os lotéricos são uma mini Caixa Econômica que está instalada na periferia das cidades, lá nos distritos dos municípios, nas comunidades longínquas da sede dos municípios. É a Caixa Econômica Federal presente no dia a dia do cidadão através dos lotéricos. O que acontece? Eles estão reclamando, e com razão, da baixa remuneração dos serviços prestados", destacou o parlamentar.

A audiência também foi pedida pelos deputados Herculano Passos (PSD-SP), Keiko Ota (PSB-SP), Áureo (SD-RJ), Mauro Pereira (PMDB-RS), Carlos Melles (DEM-MG), Pauderney Avelino (DEM-AM) e Hélio Leite (DEM-PA).

Reportagem – Luiz Gustavo Xavier
Edição – Newton Araújo

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