Direitos Humanos

Governo reafirma posição contrária à PEC da demarcação de terras indígenas

10/12/2013 - 17:37   •   Atualizado em 10/12/2013 - 17:55

Rodolfo Stuckert / Câmara dos Deputados
Presidente Henrique Eduardo Alves, o procurador-geral da República Rodrigo Janot, o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo e o advogado-geral da União Luiz Inácio Adams reúnem-se com a Bancada Ruralista
O presidente da Câmara, Henrique Alves, recebeu hoje o ministro da Justiça, o chefe da AGU e a bancada da agropecuária.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, veio nesta terça-feira à Câmara e reforçou a posição do governo contrária à proposta de emenda à Constituição que submete ao Congresso a demarcação de terras indígenas (PEC 215/00).

Cardozo, em companhia do advogado-geral da União (AGU), Luís Inácio Adams, participou de reunião sobre o assunto com o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves. O encontro também teve a participação da bancada da agropecuária.

Aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania em março de 2012, a proposta precisa ser analisada em comissão especial antes de ser votada pelo Plenário. A comissão foi criada em abril e constituída em setembro.

A polêmica sobre a matéria, no entanto, fez o presidente Henrique Eduardo Alves adiar a instalação da comissão para ampliar o diálogo sobre o tema. A comissão deveria ser instalada nesta terça, mas foi adiada e ainda não tem nova data para instalação.

Ministro diz que é inconstitucional

Alexandra Martins
Ministro da Justiça José Eduardo Cardozo
Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo: a Câmara é soberana e decidirá sobre a PEC.

Assim como em outras vezes em que veio à Câmara para tratar do assunto, o ministro José Eduardo Cardozo disse que o governo considera a proposta inconstitucional.

"A Câmara é soberana e decidirá sobre isso", ressaltou o ministro. "A posição do governo é muito clara: contrária à PEC 215/00. Defendemos o aperfeiçoamento dos processos de demarcação, mas não achamos que essa PEC soluciona o problema. Ao contrário, nos parece que ela agrava ainda mais a situação do País."

Cardozo informou que, para o Executivo, qualquer mudança nas regras de demarcação deve ser pactuada entre todas as partes. O ministro lembrou que está em consulta pública uma minuta de portaria prevendo novos procedimentos para a demarcação.

Diálogo e conflitos

Dep. Luiz Carlos Heinze
Coordenador da bancada agropecuária, Luís Heinze: queremos discutir o assunto devidos aos conflitos latentes em todo o Brasil.

O coordenador da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Luís Carlos Heinze (PP-RS), disse que o setor produtivo está em diálogo com o governo sobre a portaria.

Mas, segundo ele, os conflitos motivados pelas demarcações de terras indígenas exigem também mudanças na Constituição e a aprovação da regulamentação (do parágrafo sexto) do artigo 231 da Constituição Federal.

"Queremos fazer essa discussão, que é extremamente importante pelos conflitos latentes em todo o Brasil. Precisamos de uma definição. É um assunto legislativo, quem tem que resolver é aqui”, ressaltou Heinze. “Estamos também discutindo com eles a portaria, porque temos que cessar esse problema em todo o Brasil."

A frente parlamentar da agropecuária, segundo Heinze, também defende a volta da portaria da Advocacia-Geral da União (Portaria 303/12) que estabelece condicionantes para a demarcação de terras indígenas no País.

Reportagem – Ana Raquel Macedo
Edição – Newton Araújo

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