Votação da PEC da Maioridade Penal reúne manifestantes em frente ao Congresso
30/06/2015 - 15:28 • Atualizado em 01/07/2015 - 02:19
Antes da votação da proposta que reduz a maioridade penal, o gramado em frente ao Congresso Nacional foi ocupado por cerca de 500 pessoas, a maioria contrária ao projeto que reduz de 18 para 16 anos a idade penal para crimes hediondos, homicídio e roubo qualificado.
Diversas entidades, como centrais sindicais e movimentos estudantis, protestaram pacificamente contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 171/93. Outro grupo, menor, apoia a medida e, para chamar a atenção, fixou cruzes no gramado para simbolizar as vítimas de crimes praticados por adolescentes. Os dois movimentos protestaram sem entrar em confronto.
O esquema de segurança do Congresso foi reforçado e os manifestantes foram impedidos de chegar perto do espelho d’água.
Os manifestantes contrários à redução da maioridade penal demonstraram sua insatisfação com o uso de faixas com expressões como “Menos cadeias, mais escolas”, “Redução não é a solução” e “Estudantes contra a redução”.
Samuel de Oliveira, 18 anos, da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), veio de São Paulo (SP) com um grupo contrário à proposta. “Queremos mostrar para os deputados que é preciso criar mais perspectivas para a juventude, com emprego e cultura, em vez de diminuir a maioridade penal”, disse. Ele faz parte de um grupo que montou acampamento, com cerca de cem barracas, a cerca de 200 metros do espelho d’água do Congresso.
Mas não apenas estudantes protestaram contra a proposta de reduzir a maioridade penal. Iran Magalhães, conselheiro tutelar do bairro de Águas Claras, no Distrito Federal, também criticou a emenda constitucional. "Reduzir a maioridade não vai reduzir o problema da violência. O que nós, conselheiros tutelares em Brasília, defendemos é investimento em educação integral de qualidade", disse.
A 50 metros do acampamento e dos carros de som dos manifestantes, um outro grupo, silencioso, fez vigília em meio a cruzes fincadas no gramado. Juraci de Osti, funcionária pública de 51 anos, enfrentou o sol forte para defender a redução da maioridade penal. Ela usava uma camisa com a foto de um jovem e os dizeres “Movimento Thiago Vivo”.
“Meu filho foi assassinado na minha frente por bandidos que muita gente chama de meninos”, explicou, acompanhada por outras pessoas com histórias semelhantes.
Iraci contou que o filho Thiago de Osti Cardoso Lopes, 28 anos, foi assassinado em outubro do ano passado em frente à casa da família, no bairro da Mooca, em São Paulo (SP). “Nós chegamos de uma degustação e ele foi rendido dentro do carro enquanto eu fechava a garagem. Ele não reagiu e os bandidos atiraram nele na minha frente”, disse.
Iraci defende a redução da maioridade penal como forma de diminuir a impunidade e reduzir a violência praticada por adolescentes.
Outro defensor da proposta é o motorista Vanderlei Bufarah, 54 anos, morador de Paracatu (MG), que propõe medida ainda mais radical. “Eu sou a favor da redução da maioridade penal para 13 anos”, disse, empunhando um cartaz com uma lista de reivindicações que inclui até o impeachment da presidente Dilma Roussef.
Reportagem - Antonio Vital
Edição - Natalia Doederlein