Política e Administração Pública

Ministro da Justiça critica vazamentos seletivos de investigações da Lava Jato

15/07/2015 - 22:57  

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, criticou nesta quarta-feira (15) o vazamento seletivo de investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF). “Quando ocorrem situações desse tipo, elas são ilegais, criminosas e geram uma situação nociva ao País. Delações premiadas não são sentenças condenatórias”, afirmou em depoimento à CPI da Petrobras.

O deputado Bruno Covas (PSDB-SP) questionou o depoente sobre audiências realizadas, na sede do ministério, entre o ministro e advogados de empreiteiras envolvidas na Lava Jato. Cardozo explicou que teve apenas uma reunião com advogados da Odebrecht, que queriam apresentar duas representações denunciando supostas irregularidades em fatos que envolvem a investigação da PF.

Cardozo informou ainda que o advogado não pode ser criminalizado no exercício de suas atribuições. “Só nas ditaduras que não se recebiam advogados. Eles serão sempre recebidos por mim”, disse.

O ministro acrescentou que encaminhou uma representação à Polícia Federal e a outra à Procuradoria-Geral da República com as supostas irregularidades. “Estou submetido a sigilo sobre o assunto tratado, mas a reunião se deu dentro das atribuições do Ministério da Justiça”, esclareceu.

Encontro em Portugal
Deputados da oposição também questionaram o ministro sobre encontro ocorrido há alguns dias entre ele, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, e a presidente Dilma Rousseff na cidade de Porto, em Portugal.

Cardozo negou que tenham tratado da Lava Jato e declarou que a reunião não foi sigilosa. “O jantar entre nós foi público, não sigiloso.” Segundo ele, o encontro não constou de sua agenda, porque a agenda publicada era a do secretário-executivo, que estava o substituindo à época. “Não há anormalidade em encontros de chefes de poder em qualquer lugar do Brasil ou do mundo”, reforçou.

Encontro com Janot
Sobre reunião com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ocorrida em novembro do ano passado em Buenos Aires, o ministro afirmou que também não foi feita às escuras. Ele informou que foi à Argentina para um encontro bilateral e, coincidentemente, encontrou-se com Janot em locais públicos para tomar café e almoçar. Cardozo apresentou inclusive fotos. “Não discutimos Lava Jato, lista, nada”, relatou.

Com relação a um segundo encontro com Janot, ocorrido neste ano e às vésperas da divulgação da lista dos investigados na Operação Lava Jato, Cardozo destacou que tratou da lei de combate à corrupção lançada pelo governo em março.

Operação Politeia
Cardozo também negou envolvimento do governo na Operação Politeia, deflagrada ontem, com a execução de mandados de busca e apreensão na residência de políticos suspeitos de envolvimento com o esquema de corrupção na Petrobras investigado pela Lava Jato. “As decisões foram decorrentes de solicitações do procurador-geral da República, e do relator do processo no Supremo, Teori Zavascki. A Polícia Federal apenas cumpriu mandados, por ordem do STF”, explicou.

Reportagem – Luiz Gustavo Xavier
Edição - Marcelo Oliveira

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