Documento final do Encontro de África e a Diáspora

ós, participantes do Encontro e África e a Diáspora Africana, provenientes da República Gabonesa, República do Burundi, República do Congo, República do Mali, República do Benin, República da Guiné Equatorial, República Federal Democrática da Etiópia, República da África do Sul, República Unida da Tanzânia, República da Costa Rica, República da Colômbia, Estados Unidos da América, República Oriental do Uruguai e República Federativa do Brasil;
03/12/2013 17h15

Foto: Lucio Bernardo Jr. (CD)

Documento final do Encontro de África e a Diáspora

Para Nelson Pellegrino, a realização do encontro da Diáspora fortalece ainda mais as relações do Brasil com aquele continente estratégico

Considerando que:

1. Nós, da Diáspora, atendemos ao chamado da União Africana, durante as comemorações dos 50 anos da União Africana, no contexto da preparação da Agenda Visão África 2063, para a mobilização e articulação da VI Região Africana;

2. Embora subsistam desafios significativos para a África atingir o seu pleno potencial, ela surge no século 21 como um continente de esperança e oportunidade com base em vastos recursos naturais, diversidade populacional e desenvolvimento institucional significativo;

3. Assistimos a um período de maior reconhecimento da "Identidade Africana" e engajamento entre as e os descendentes de africanos, que levaram a União Africana para designar a Diáspora Africana como a sexta região de África;

4. De acordo com a União Africana, a Diáspora Africana é entendida como povos de origem africana que vivem fora do continente, independentemente da sua cidadania e nacionalidade e que estão dispostos a contribuir para o desenvolvimento do continente e a consolidação da União Africana;

5. Diferentes iniciativas foram desenvolvidas com foco no Panafricanismo, entre as quais as parcerias com organizações regionais, como a Comunidade do Caribe (CARICOM) e da União das Nações Sul-Americanas (Unasul); o diálogo com o Caucus Negro e com o Parlamento Negro das Américas, criado San José, Costa Rica, em 2005.

Recordando :

6. A Declaração da Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata, realizada em Durban, África do Sul, em 2001;

7. A Conferência da Diáspora Afro-Caribenha em 2005, que recomendou o fortalecimento de iniciativas para o diálogo permanente entre a África e sua Diáspora, com vista a reforçar a compreensão mútua e promover uma maior cooperação para o desenvolvimento entre a África e a Diáspora Africana;

8. As iniciativas importantes desenvolvidas com a finalidade de melhorar as relações com a Diáspora Africana, incluindo o "Primeiro Encontro de Parlamentares Negras e Negros da América e do Caribe" (Brasil 2003), a "Primeira Conferência de Intelectuais da África e da Diáspora" (Senegal, 2003), a "Segunda Reunião de Parlamentares Afrodescendentes nas Américas e no Caribe" (Colômbia, 2004), a "Terceira Reunião de Parlamentares de Ascendência Africana nas Américas" (Costa Rica, 2005), a "Conferência Diáspora Afro-Caribenha (África do Sul, 2005), a "Segunda Conferência de Intelectuais da África e da Diáspora" (Brasil, 2006), a "Cúpula Ibero- Americana de Alto Nível em Comemoração ao Ano Internacional dos Afrodescendentes" (Brasil, 2011), e ainda a " Reunião Mundial da Diáspora Africana - Cúpula dos Parlamentares" (África do Sul, 2012);

9. O ponto culminante deste processo foi a "I Cúpula Mundial da Diáspora Africana" realizada em maio de 2012, onde os chefes de Estado, representantes dos 54 Estados-membros da União Africana, bem como, representantes do governo e da sociedade civil de e para a comunidade na América Latina e Caribe concordaram em envidar esforços para compartilhar experiências no combate à pobreza, a criação de prosperidade e unificação pacífica entre as pessoas visando contribuir para o desenvolvimento sustentável do Continente;

10. Que a Declaração Conjunta do Parlamento Pan-Africano e da Diáspora Africana da Cúpula de Parlamentares recomendou a formulação de políticas que garantam a participação de pessoas de ascendência africana no desenvolvimento do Continente por meio de um plano com metas, prazos e insumos específicos, bem como a definição de responsabilidades atribuídas ao cumprimento efetivo dos mesmos.

Reconhecendo que:

11. O Encontro África e Diáspora Africana, realizado na Bahia, Brasil, é uma oportunidade para avançar, ainda mais, o diálogo intercontinental sobre a cooperação entre África e a Diáspora Africana, de acordo com o mandato da Declaração da Cúpula, que estabeleceu os princípios gerais sobre como a África vai envolver a Diáspora na finalização, implementação e acompanhamento da Agenda Visão África 2063;

12. As participantes e os participantes analisaram e elaboraram conclusões e recomendações sobre: Infraestrutura; Agricultura e Financiamento; Pesquisa, Ciência e Tecnologia; Interfaces dos Saberes; Programas e Parcerias; Desenvolvimento do Setor Privado; Expansão dos Estudos Africanos e da Diáspora Africana; Desenvolvimento Econômico, Inclusão e Empoderamento; Articulação da Rede de Parlamentares do Parlamento Panafricano e a Diáspora.

O Encontro é concluído com os compromissos das e dos participantes em:

13. Entregar o relatório final para a União Africana, para que seja considerado insumo à formulação do projeto "Agenda Visão África 2063";

14. Dar continuidade a este mecanismo e instituir um Fórum da Diáspora Africana que represente a Sexta Região de África, reunindo-se pela primeira vez em 2014;

15. Estabelecer Salvador, Bahia, Brasil como sede formal do Fórum, em reconhecimento e apoio à designação feita durante o Afro XXI (novembro 2011) Salvador - a Capital da Diáspora;

16. Solicitar às organizações internacionais, em especial as instituições do Sistema das Nações Unidas, no contexto da Década dos Afrodescendentes, para seguir colaborando e fornecendo apoio técnico e material para a instituição e fortalecimento deste Fórum;

17. Estabelecer um marco para manter e fortalecer no Fórum, os grupos temáticos que são espaços consultivos e de assessoria, para contribuir na finalização e implementação da "Agenda Visão África 2063";

18. Estabelecer um grupo de trabalho, coordenado pelo Deputado Luiz Alberto Silva dos Santos, responsável por implementar as recomendações e as ações de seguimento contidas neste documento;

19. Solicitar à União Africana que reconheça o Fórum como mecanismo de construção e consolidação da Sexta Região Africana.

20. Expressar o seu sincero agradecimento ao Governo do Brasil e ao Governo da Bahia, à Câmara dos Deputados através da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional e da Frente Parlamentar Mista pela Igualdade Racial e Defesa dos Quilombolas, Universidade da Integração Luso-Afro-Brasileira (UNILAB), Instituto Brasil África, Associação Brasileira de Pesquisadores Negros e Negras (ABPN), Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), bem como a todos os demais parceiros e patrocinadores que contribuíram para a realização deste evento.

Costa de Sauípe, Bahia, Brasil, 23 de novembro de 2013.

 

 

Assessoria de comunicação

Márcio Marques de Araújo