21/02/2014 Polícia da Câmara conclui inquérito sobre homem que disparou quatro tiros em frente ao Supremo
O Departamento de Polícia Legislativa (Depol) da Câmara dos Deputados concluiu, por volta das 15h desta sexta-feira (21), o inquérito sobre o senhor Abdias Soares, de 69 anos, que disparou quatro tiros para cima em frente ao Supremo Tribunal Federal.
Autuado e preso em flagrante em frente ao edifício do Anexo IV da Câmara dos Deputados, Soares foi enquadrado nos crimes de porte ilegal de arma e de disparo em via pública (artigos 14 e 15 da Lei 10.826/03, o Estatuto do Desarmamento). Ele informou ao Departamento de Polícia da Câmara que comprou a arma – um revólver calibre 38 – em Santo Antonio do Descoberto (GO), cidade a cerca de 66 km de Brasília, por R$ 1,5 mil.
O revólver, segundo ele, foi adquirido para defesa pessoal. Quando detido, estava com a arma guardada em uma mochila. Conforme dados do Sistema Nacional de Segurança (Sinarm), do Ministério da Justiça, a arma está registrada em nome de uma empresa de segurança de Pernambuco.
Ao prestar depoimento ao Depol, informou que disparou os tiros porque é réu em ações cíveis em Goiás, mas não deu detalhes. Disse que teria procurado a Justiça do Estado, mas não conseguiu ser ouvido. Em função disso, decidiu vir a Brasília “chamar a atenção” para conseguir ser ouvido pela Justiça. Por isso, atirou para cima em frente ao Supremo Tribunal Federal. Soares afirmou que não tinha a intenção de ferir ninguém.
Nascido em Itapemirim, no Espírito Santo, em 3 de julho de 1944, Soares, que não concluiu o ensino fundamental, disse que trabalha como caseiro de uma chácara em Santo Antonio do Descoberto. Informou ainda que mora na cidade goiana há cerca de 15 anos, mas não tem familiar na região.
Ao prestar depoimento, não apresentou sinais de embriaguez. No entanto, segundo os investigadores, ele aparentou ter algum distúrbio psiquiátrico. Não cabe, porém, ao Departamento de Polícia da Câmara, confirmar tal distúrbio. Um laudo deverá ser pedido pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) para verificar a existência de um eventual problema de saúde mental.
Abdias Soares, que, segundo o Depol, não tem passagem pela polícia, foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para comprovar não ter sofrido agressão por parte dos policiais da Câmara dos Deputados. Depois, seguirá para a carceragem da Polícia Civil do Distrito Federal.
Se a Justiça decidir mantê-lo preso, o Departamento de Polícia da Câmara tem até dez dias, a contar de hoje, para enviar o inquérito ao TJDFT. Se ficar em liberdade condicional, o prazo para o envio da documentação estende-se para 30 dias, também a contar de hoje. Foram ouvidas como testemunhas no processo um vigilante do Senado Federal e o policial que autuou e prendeu Abdias Soares.