17/06/2019 19:47 - Administração Pública
Radioagência
Em depoimento à CPI, Paulo Bernardo nega recebimento de propina quando era ministro
O ex-ministro Paulo Bernardo, que foi titular do Planejamento no governo Lula (2005 a 2011), negou à Comissão Parlamentar de Inquérito do BNDES, nesta segunda-feira (17), que tenha recebido propina para facilitar um empréstimo de um bilhão de dólares para Angola em 2009.
Paulo Bernardo afirmou à CPI que mais de 2700 empresas brasileiras foram beneficiadas com os empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social a Angola. Segundo ele, os empréstimos chegaram a 7,2 bilhões de dólares no total e sempre foram pagos pelo país africano.
A denúncia de que o ex-ministro teria recebido uma propina de 40 milhões de dólares foi feita em delação de Marcelo Odebrecht enquanto estava preso pela Operação Lava-Jato. O empresário depois foi solto. Paulo Bernardo rebateu a denúncia e chegou a chamar Marcelo Odebrecht de "cabra safado":
"Eu tive de falar aqui, de forma muito incisiva, que ele é um mentiroso, que inventou isso, entendeu? Nunca tive esse tipo de conversa com ele, nunca daria qualquer tipo de abertura ou liberdade para conversar esse tipo de coisa e é evidente que eu tenho um processo na Justiça, nós vamos conduzir a defesa. Já sofri outras acusações e fui absolvido. Eu acho que aqui aconteceu uma coisa muito ruim que os parlamentares, a maioria dos parlamentares resolve vestir uma camisa como se fosse do Ministério Público, como se fosse a parte acusadora."
O depoimento de Paulo Bernardo não agradou a primeira vice-presidente da CPI do BNDES, deputada Paula Belmonte, do Cidadania do Distrito Federal, que propôs a vinda do ex-ministro:
"Chegou a dizer que nós emprestamos o dinheiro diretamente para Angola. Isso faz com que eu fique meio preocupada porque na realidade a Odebrecht era só uma passagem do dinheiro. Então, se isso realmente for constatado, e isso é alguma coisa que eu vou estar entrando nessa linha, é sério, porque o Banco, o dinheiro do povo não pode de maneira nenhuma ser utilizado para empréstimos para outros países. Ele tem que desenvolver a nossa política aqui, o nosso empresariado aqui."
O relator da CPI, deputado Altineu Côrtes, do PL do Rio do Janeiro, quer saber quem está dizendo a verdade:
"Delações homologadas pela Procuradoria Geral da República e homologadas junto ao Supremo Tribunal Federal em que pessoas vem aqui desmentem essas delações. Então, isso é uma coisa interessante porque essas delações, se o ministro está falando a verdade aqui, ele jurou falar a verdade, essas delações então elas têm que ser interrompidas, elas têm que cair, as pessoas têm que voltar a ser presas."
Já o deputado José Nelto, do Podemos de Goiás, disse que vai apresentar requerimento para que seja feita uma acareação entre Marcelo Odebrecht, Paulo Bernardo e o ex-ministro Antônio Pallocci.
O depoimento previsto para esta semana de José Batista Sobrinho, pai de Joesley e Wesley Batista, da empresa JBS, não vai ocorrer, pois o STF deu habeas corpus permitindo que ele não compareça. O Habeas Corpus é extensivo aos irmãos empresários. Na quarta-feira, está previsto o depoimento do ex-ministro da Fazenda no governo Dilma Rousseff Antônio Palocci. O depoimento será em sessão reservada.