Radioagência

A nova legislatura vai ter o primeiro deputado cego da história do país, o deputado Felipe Rigoni (PSB-ES). Ele tem 27 anos e perdeu a visão aos 15. Desde outubro, logo depois das eleições, a coordenação de acessibilidade da Câmara dos Deputados vem se preparando para que a Casa atenda às necessidades do parlamentar.

O deputado testou o sistema de votação que vai ser usado para a eleição do novo presidente da Câmara e dos integrantes da Mesa Diretora. A casa já tinha seis leitores de tela para cegos, e adquiriu mais três.

O serviço de acessibilidade chamou o servidor Márcio Marakami, que também é cego, para ser consultor do sistema. Para ele, o deputado não deve ter nenhuma dificuldade ao realizar votações.

"A Câmara está preparada para se adaptar conforme as necessidades que vão surgindo. Como há uma grande variabilidade de deficiências é impossível abranger todo o leque de acessibilidade, de acessibilidade para todos, porém com a minha experiência própria, pelo menos as condições mínimas, ideais, já estão sendo providenciadas e estão sendo efetivadas na Câmara."

No Plenário da Câmara há postos de votação com sinalização em braile, e também para captação do voto em sistema de áudio conectado ao painel de votação eletrônica. O deputado vai ter três cadeiras adaptadas em diferentes locais dentro do plenário. Como explica Adriana Jannuzzi, diretora da coordenação de acessibilidade:

"Esse sistema lê para ele tudo o que está na tela, e ele com fone de ouvido vai navegando pelos botões, pela interface do aplicativo, do sistema e aí ele escolhe o voto que ele vai fazer. E esse é um tipo de sistema que é uma votação secreta, e ele usa o fone para ninguém ouvir o voto que ele está colocando lá. O outro sistema é o sistema de votação eletrônica, que é a votação dos projetos de lei, que aparece naquele painel de votação eletrônica que tem no Plenário, nesse sistema é uma bancada, ele vai sentar num posto de votação que é adaptado para ele."

O deputado Felipe Rigoni (PSB - ES) esteve na Câmara dos Deputados para fazer uma simulação do sistema. Ele aprovou o trabalho dos servidores da Casa.

"Nós estamos vendo todo o resultado, de todo o esforço que foi feito lá em outubro, novembro, quando eu cheguei a vir pela primeira vez, que são os postos de votação. Estão falando em áudio comigo, está perfeito e vai dar para votar tranquilamente e fazer um bom trabalho."

Desde 2004 a Câmara trabalha com ações de acessibilidade para ambientes, produtos e informações. Em 2014 o Plenário foi reformado para atender à demanda de parlamentares cadeirantes, que hoje podem ir a todos os espaços, inclusive a mesa de onde as sessões são presididas.