27/08/2015 15:57 - Saúde
Radioagência
Deputado defende que ministério da Saúde agilize liberação de medicamentos para doentes de Parkinson
O Brasil tem 300 mil portadores da doença de Parkinson. Só no Distrito Federal são 3.500. A incidência da doença no Brasil motivou a audiência pública realizada pela Comissão de Seguridade Social e Família que reuniu médicos, representantes de associações de parkinsonianos de todo país, além de uma representante do Ministério da Saúde. O Parkinson atinge uma em cada 10 pessoas a partir dos 60 anos de idade e, diferentemente do que a maioria das pessoas pensam, o tremor não é a característica principal, mas é identificada porque é o sintoma mais visível. Mas há outros, como lapsos de memória, dores, movimentos involuntários, insensibilidade olfativa e problemas intestinais. Como explica o presidente da Associação Parkinson Brasília, Carlos Patto, que era piloto da FAB e foi diagnosticado com a doença aos 43 anos de idade, metade dos parkinsonianos são invisíveis porque não saem de casa.
"São quatro fases. A primeira fase é da negação. Você sabe que tem Parkinson e nega. A segunda é da revolta, sai chutando os armários de raiva. A terceira é depressão, que atinge metade dos doentes de Parkinson e às vezes é mais séria do que a própria doença. E a quarta e última fase é a aceitação. O ideal é atingir a fase da aceitação. Quem não atinge normalmente são os que a gente chama de retraídos. Quase 50% dos portadores, quando sabem que tem Parkinson, se escondem, não saem de casa. Isso é péssimo porque a doença avança mais rápido."
Por esse motivo, a importância das associações de pakinsonianos é grande, pois serve de acolhimento aos doentes e de assistência e centro de informações. A relação da professora da USP Maria Elisa Pimentel com a Associação Brasil Parkinson de São Paulo começou em 1993, quando ela fez mestrado. Não havia serviço público que oferecesse fisioterapia a pacientes de Parkinson e a demanda era grande. A pesquisa dela transformou-se num serviço que ainda hoje se mantém ali com 280 doentes sendo atendidos por 4 fisioterapeutas e alunos do curso de residência em medicina com especialização em neurologia. A associação desonera o serviço público de saúde, mas a ABP não recebe contrapartida por isso.
"Como essa associação é reconhecida apenas como uma associação filantrópica, ela não pode cobrar por esse serviço, ela não pode receber, por exemplo, estagiários de outras instituições porque ela não é reconhecida como instituição de ensino. Eu acho que elas podem ser elevadas a um outro status e, sendo elevadas a outro status, elas podem oferecer um suporte que infelizmente o serviço público hoje não dá conta."
O atendimento precoce é importante para frear o avanço dos piores sintomas e, assim, preservar a capacidade funcional do paciente. O representante da Academia Brasileira de Neurologia, Nasser Allan, afirma que o atendimento a doença de Parkinson exige um atendimento multidisciplinar, com profissionais de neurologia, educação física, fistioterapia, nutrição, fonoaudiologia, psicólogos e terapeutas ocupacionais.
O deputado Eduardo Barbosa, do PSDB/MG, que requereu a audiência pública,afirma que a intenção da Câmara é trabalhar para que o Ministério da Saúde identifique as associações de parkinsonianos como parceiras no tratamento e citou ainda a necessidade de dar mais agilidade à liberação de medicamentos importados, além da criação de um número de telefone gratuito para divulgar informações e tirar dúvidas sobre a doença de Parkinson.
"São várias sugestões, que agora vamos transformar em projetos de lei e também vamos acompanhar projetos de lei já existentes e algumas indicações que devemos fazer ao Executivo forçando o Executivo a sair de uma visão omissa em relação ao tema. Então os parlamentares que estão aqui têm muito trabalho a fazer para ajudá-los nas reivindicações."
O Brasil hoje tem 26 milhões de idosos, que compõem 13% da população brasileira. A coordenadora de Saúde da Pessoa Idosa do Ministério da Saúde, Maria Christina Hoffmann, afirma que as doenças crônicas não transmissíveis são as de maior prevalência entre as pessoas de mais de 60 anos e afirmou que as sugestões apresentadas na audiência pública serão analisadas pelo ministério. Ela expôs algumas prioridades, como melhorar a distribuição de medicamentos e o programa de atenção domiciliar.